São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2001

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Será lançado amanhã o livro "Origens do Republicanismo Moderno" (ed. UFMG), do professor Newton Bignotto, que apresenta algumas de suas idéias na entrevista a seguir.

Quais os princípios básicos da república tal como retomada pelos humanistas italianos?
O primeiro aspecto que marcou o surgimento de um pensamento republicano na Itália do século 14 foi o elogio da vida ativa em contraposição à vida contemplativa. A defesa da liberdade, entendida tanto como autonomia das pequenas estruturas políticas diante do império e da igreja quanto a capacidade de os cidadãos agirem sem constrangimento no seio das cidades, foi o aspecto central desse movimento de renovação da cena política. Outro aspecto importante do republicanismo foi a consideração de que só o cidadão ativo pode fazer face à contingência da história.

A república fracassou no Brasil?
Se pensarmos na experiência republicana de outros países e nos valores básicos que se associam à tradição republicana, como liberdade política, participação e defesa do bem comum, podemos dizer que não tivemos até hoje uma vivência plena da república no Brasil.

Como anda a relação entre os três poderes?
Na tradição republicana a idéia de um equilíbrio dos três poderes vai de par com a constatação de que os corpos políticos estão sempre ameaçados de se corromperem. Isso implica um processo contínuo de conflito, e não de acomodação entre os poderes. No Brasil a lógica do Executivo, que é a da necessidade e da urgência, tem feito a balança pender para um dos lados, o que ameaça a independência e a capacidade de ação dos outros poderes.

De que tipo de reforma necessita o modelo republicano brasileiro?
No mundo atual não podemos falar de república sem falar de democracia. Por isso nossa principal carência é a de um de seus elementos-chave: a igualdade. É preciso aumentar os mecanismos de participação dos cidadãos nos negócios do Estado e assegurar no campo do direito uma idéia de bem público, que evite a apropriação privada do que é comum.



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