São Paulo, domingo, 30 de março de 2008

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A velha senhora

Extinção dos cursos de estudos da mulher, moda acadêmica 20 anos atrás, causa apreensão no Reino Unido

NINA LAKHANI

Os estudos da mulher, que ganharam destaque em razão do movimento feminista nos anos 60, desaparecerão dos cursos de graduação em universidades britânicas no final deste ano letivo.
A perda de interesse pelo tema significa que os últimos 12 alunos de estudos da mulher se formarão em julho pela Universidade Metropolitana de Londres.
As universidades que ofereciam esses cursos, desenvolvidos no pico da segunda onda do movimento pela defesa dos direitos da mulher, atraíram centenas de estudantes no final dos anos 80 e começo dos 90. Mas o clima nos campi mudou.

Seu pior inimigo
Esses cursos teriam se tornado irrelevantes para o mundo moderno ou a busca pela igualdade teria saído da academia e ganho palco mais amplo? Seus críticos argumentam que ele mesmo era seu pior inimigo, por ter continuado aprisionado no movimento feminista dos anos 70 enquanto as mulheres e a sociedade avançavam.
"As sociedades britânica e norte-americana já não são mais "hegemonias masculinas" patriarcais e opressivas. Mas a maior parte dos departamentos de estudos da mulher baseiam sua existência na suposição de que a posição da mulher está sob ataque no Ocidente.
Quanta bobagem", diz a pesquisadora Christina Hoff Sommers, autora de "Who Stole Feminism?" [Quem Roubou o Feminismo?].
Outros acreditam que as mulheres mais jovens tenham evitado os estudos do feminismo porque preferem se dedicar a diplomas que conduzam mais diretamente a empregos.
As pessoas que lamentem a extinção da graduação em estudos da mulher podem se reanimar: muitas questões de sexo e igualdade são hoje temas de cursos universitários mais tradicionais, de sociologia e direito a história e inglês.

Vanguarda
Mary Evans, pesquisadora visitante da London School of Economics, afirma que "o final do curso não representa o fim de uma era: as idéias e a literatura feminista estão mais vivas do que nunca, mas a estrutura institucional sob a qual são lecionadas mudou".
Dado que a graduação em estudos da mulher vem prosperando em diversos países, como Índia e Irã, a decisão de eliminar o curso no Reino Unido surpreendeu muita gente.
Haleh Afshar, professora de política e estudos da mulher na Universidade de York, disse que "no último quarto de século, as pesquisadoras de estudos da mulher estiveram na vanguarda de novos e fortes trabalhos, que, além de concederem posição central à mulher, também ecoaram em toda a vida acadêmica. Estou desolada pelo fato de a universidade ter decidido extinguir o curso".


A íntegra deste texto saiu no "Independent". Tradução de Paulo Migliacci .


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