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Conta dividida
Empresas de comunicação nos EUA querem abandonar gratuidade
on-line
e discutem
como cobrar
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DE WASHINGTON
Se a informação quer ser
livre, como defende boa
parte da blogosfera e o
modelo sugerido por Chris Anderson em seu livro parece
concordar, os jornalistas que a
produzem querem ser pagos.
Ou, no dizer de Bill Keller, editor-executivo do "New York
Times", informação de qualidade custa caro.
"Da última vez em que eu estive em Bagdá, não vi uma sucursal do "Huffington Post", do
Google ou do "Drudge Report",
porque nenhum deles está lá",
disse ele em entrevista recente
ao "Daily Show", do comediante Jon Stewart, citando os agregadores de notícias mais populares dos EUA -com exceção
do "Post", nenhum tem equipe
própria de jornalismo.
O "Times" mantém um escritório de uma dezena de jornalistas no Iraque, uma operação de custo anual estimado
entre US$ 2 milhões e US$ 3
milhões. "Não estão lá porque é
caro, porque é perigoso", continuou Keller. "É muito mais fácil ficar em casa e pegar carona
no trabalho feito pelos outros."
Lideradas pelo "New York
Times" e pela News Corporation, de Rupert Murdoch, que
publica o "Wall Street Journal", entre outros, as principais
empresas jornalísticas dos
EUA estão prestes a acabar
com a "carona" -ou pelo menos a coibir, rachando a conta.
Desde o fim do semestre passado, representantes desses e
de outros títulos, como o "Washington Post" e o "USA Today",
vêm se reunindo em busca de
um modelo de negócios para
seu conteúdo on-line que substitua o adotado pela maioria no
começo dos anos 90, que se
provaria insustentável.
Naquele momento, quando a
internet começava a se popularizar, e diferentemente de no
Brasil, as grandes empresas decidiram liberar suas versões
on-line, cobrando apenas pelo
produto impresso. Na maior
parte dos casos, tudo o que está
no papel pode ser encontrado
de graça no site. Esperava-se
que a publicidade migrasse de
meios, o que não aconteceu.
Uma das exceções a esse modelo inicial foi o "Wall Street
Journal". O diário nunca abriu
o site e tem hoje uma base de
assinantes on-line de pouco
mais de um milhão de pessoas,
que pagam US$ 103,48 por ano
(R$ 196,61). Fala-se que o "New
York Times" poderia começar
a cobrar US$ 5 (R$ 9,50) por
mês pelo acesso de seu site, hoje totalmente aberto e gratuito,
ou pelo menos pelo acesso a
partes de seu site, que seriam
fechadas -o tal modelo "freemium" que Anderson defende.
Por ser o mais prestigioso, de
interesse geral e nacional, o
"Times" funcionaria como o
pioneiro que causaria um efeito dominó a ser seguido pelo
resto da indústria local. Outro
movimento aguardado é o de
Murdoch, que vem dando sinais de que pode implantar o
modelo do wsj.com em todos
os outros jornais de seu grupo.
A ideia não desagrada Chris
Anderson. "Dependendo do
que me oferecessem, eu pagaria US$ 5 por mês para ter acesso on-line ao "New York Times'", disse. "Mas não acho que
eles vão fechar tudo."
(SD)
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