São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

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Ranking dos fundos

Confira o ranking do 1º trimestre de 2008

Crise afeta desempenho da Bolsa

por ANDRÉ PALHANO

A crise financeira global atingiu em cheio o desempenho dos investimentos em Bolsa no primeiro trimestre do ano. Segundo ranking elaborado para a Folha pelo Laboratório de Finanças (LabFin) da FIA-USP, com a performance da indústria de fundos de investimento no primeiro trimestre de 2008, os fundos de renda variável deixaram o primeiro lugar do pódio para ocupar a última posição entre as rentabilidades acumuladas no período. Na média (ponderada pelo patrimônio líquido) de 227 fundos de ações selecionados para o ranking, a perda foi de 9,25% no primeiro trimestre. O Ibovespa, no mesmo período, caiu 4,57%.

Apesar do prejuízo da renda variável nos três primeiros meses do ano -que já era esperado em função da crise internacional e da intensa volatilidade por ela gerada- os investimentos na categoria continuam batendo todas as demais alternativas de aplicação no mercado doméstico no acumulado dos últimos 12 meses (encerrados em 31 de março). Nesse período, os fundos de ações registraram ganho médio (sempre ponderado pelo PL) de 21,27%, contra 10,31% dos fundos livres, dos 9,48% obtidos tanto nos fundos de renda fixa como nos fundos DI e dos -9,07% amargados nos fundos cambiais. O mesmo ocorre no acumulado dos últimos três anos encerrados em março, onde os fundos de ações tiveram alta de 118,46%. A expectativa entre gestores e analistas ouvidos pela Folha é de que a categoria ainda deve figurar como a melhor opção de investimento no ano de 2008, recuperando -sobretudo no segundo semestre- as perdas na medida que os horizontes da crise se tornem mais claros. A conferir.

De todos os 227 fundos da categoria de ações, apenas 12 registraram rentabilidade positiva no período analisado. A maior parte deles atrelados ao setor de telecomunicações (marcado por fusões e aquisições) ou a dividendos (que compram ações de empresas com pagamento trimestral de dividendos). Ganhou também quem soube operar com a volatilidade desse mercado. "Deixamos nosso caixa bastante conservador nesse período de incertezas e aproveitamos as oportu­nidades de operar a volatilidade, fazendo bastante day trade (compra e venda de papéis no mesmo dia)", co­­menta Gustavo Albuquerque, gestor do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), primeiro colocado na categoria com ganho de 16,41% no fundo Bancoob Ações.

Os fundos livres (basicamente multimercado) também sofreram os efeitos do desempenho negativo da Bolsa. Segundo o ranking do LabFin, o ganho médio (de 303 fundos selecionados) nos três primeiros meses do ano foi de apenas 1,40%, ficando atrás do desempenho de opções mais conservadoras como os fundos de Renda Fixa (retorno médio de 2,23% para um total de 164 fundos) e fundos DI (retorno médio de 2,17% para 167 fundos). A rentabilidade acumulada nos últimos 12 meses encerrados em março e nos últimos três anos, no entanto, ainda favorece os fundos livres.

Como têm liberdade para investir em diferentes mercados (daí o nome multimercado), saiu-se melhor nessa categoria quem protegeu o caixa e reduziu a exposição de suas carteiras à renda variável, privilegiando outras opções de investimento. É o caso do fundo Guepardo Hedge 30, que obteve ganho de 16,94% no primeiro trimestre impulsionado pelo mercado futuro de Boi Gordo da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). "Tivemos uma alta relevante dos preços da arroba do boi nesse primeiro trimestre, que prevíamos desde a formatação desse fundo no fim de 2006, resultando em uma boa rentabilidade", comenta Octavio Ferreira de Magalhães, gestor da Guepardo Investimentos.

As opções de Renda Fixa e DI saíram-se bem na função de proteger a carteira de investimentos em momentos de crise, ocupando as primeiras posições do ranking dos fundos no primeiro trimestre. O aumento dos juros básicos determinado recentemente pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tende a favorecer as aplicações em fundos DI e pode afetar negativamente os de Renda Fixa encarteirados em títulos prefixados, ainda que no longo prazo a tendência seja de inversão deste quadro.

O Mapfre Renda Fixa Plus teve a melhor performance da Renda Fixa no primeiro trimestre, com retorno de 3,95%. "Em setembro do ano passado, quando montamos nossa carteira, apostamos que o cenário dos mercados estaria um pouco mais complicado do que a média das avaliações feitas na época, privilegiando posições em IGP-M e dólar", conta o presidente da Mapfre DTVM, Wilson Toneto. Entre os fundos DI, saiu-se melhor o Advis DI Plus, com retorno de 2,60% no mesmo período.

Os fundos de investimento cambiais também cumpriram a função de proteção contra as oscilações do câmbio, outro mercado caracterizado por intensa volatilidade nesse primeiro trimestre do ano em função da crise internacional. No período, a média de retorno dos fundos cambiais ficou quase no zero a zero, com queda de 0,03%. Continuam sendo indicados apenas para quem precisa se proteger das variações de moedas estrangeiras, como o dólar e o euro, por exemplo em função de uma dívida ou compromisso assumido nessas moedas. No primeiro lugar do ranking, ficou novamente o BB Cambial Euro LP Private, com retorno de 7,05%, impulsionado pelo fortalecimento da moeda européia em relação ao dólar.

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