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Itamaraty tem reservas à isenção de visto

Para diplomatas, fim da exigência de autorização para brasileiro poderia elevar número de turistas barrados em aeroportos

Cidadãos de 36 países não precisam da visto; segurança e arrecadação consular jogam contra mudança

DE WASHINGTON

Enquanto a aceleração da concessão de vistos a brasileiros parece questão de tempo, a isenção do documento para turismo e negócios é um objetivo distante.

A Folha apurou que o próprio Itamaraty tem reservas quanto à dispensa, temendo que sem a exigência de visto os brasileiros passem a ser barrados com frequência nos aeroportos americanos, como aconteceu na Espanha no final da década passada.

Apesar da pressão do setor privado, o diálogo diplomático é mantido em fogo brando pelos dois lados.

O Visit US Act tem uma provisão para tornar mais flexível a lista de países isentos de visto, hoje com 36 nações. Dos turistas estrangeiros que entraram nos EUA em 2010, 65% não precisaram de visto.

A coalizão liderada pela Câmara de Comércio vê aí a brecha para o Brasil.

A principal motivação para a iniciativa é econômica: em 2010, 1,2 milhão de brasileiros entrou nos EUA, um salto de 34% sobre 2009 que pôs o país em quinto lugar do ranking do Departamento do Comércio (excluídos os vizinhos Canadá e México).

Em média, cada brasileiro que visitou os EUA em 2010 gastou US$ 4.232 (US$ 5.919 se incluída a passagem).

É mais do que os US$ 3.780 dos chineses e está em linha com os turistas da Europa Ocidental.

Já em números absolutos, o país é o terceiro quando excluídos os vizinhos, atrás de britânicos e japoneses. Os brasileiros gastaram US$ 5,9 bilhões nos EUA em 2010.

A expectativa é que o país atinja os dois critérios-chave da lista de dispensa.

O índice de recusa de vistos, que precisa ser de no máximo 3%, é de 5% no Brasil. E o total de brasileiros que fica nos EUA além do prazo, não revelado, é considerado pequeno _sobretudo com a crise pesando mais nos EUA que no Brasil.

"Fazemos estudos periódicos, e a taxa de abuso é baixa para o Brasil", disse em teleconferência Don Jacobson, responsável pelos vistos na embaixada em Brasília.

SEGURANÇA

Outros fatores, porém, entram na conta.

O primeiro é a preocupação com a arrecadação consular. Outro é a barreira no Congresso dos EUA, ante o temor de que a isenção reverta a queda na imigração e estimule mais gente a vir e ficar no país sem licença.

E há, por fim, a segurança nacional. Os EUA são sensíveis à Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, monitorada ante a suspeita não comprovada de laços com o terrorismo.

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