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Mais leal ao governo, Vale amplia benefício

Sob o comando de Murilo Ferreira, mineradora procura agradar a acionistas e concede reajustes aos empregados

Empresa vai distribuir R$ 9 bi a acionistas neste ano, o triplo de 2010; funcionários têm reajuste, abono e bônus

PEDRO SOARES
DO RIO

Murilo Ferreira assumiu a presidência da Vale em maio. Desde então, promove mudanças discretas de rumo a fim de "apaziguar" a companhia e sua relação com os públicos interno e externo.

Duas delas, definidas recentemente, são marcantes: a distribuição recorde de lucros e dividendos a acionistas e um generoso reajuste, turbinado por um pacote

extra de benefícios para empregados.

Neste ano, a Vale vai distribuir R$ 9 bilhões aos acionistas, maior remuneração da história da companhia e o triplo do valor de 2010.

Já os empregados -que tiveram a mais "fácil e cordial" negociação em mais de uma década, segundo sindicalistas- receberam reajuste de 8,2% em novembro, "amarrado" a um aumento de 8% em 2012, além de abono

(R$ 1.200), bônus extra

(R$ 500) e outras vantagens. Os índices superam a inflação deste ano e a projetada para 2012. Estão ainda acima da média do setor industrial.

Ferreira tenta, de um lado, melhorar a relação com os empregados, abalada durante os anos de Roger Agnelli à frente da empresa. De outro, procura agradar a acionistas

-governo, inclusive, via

BNDES- e melhorar a imagem da companhia com os investidores, tornando a ação mais atrativa em tempos de queda do papel e da Bolsa.

Para Paulo Soares, presidente do Metabase (um dos principais sindicatos de empregados da Vale) e representante dos empregados no conselho de administração da mineradora, "nunca uma negociação salarial foi tão tranquila".

Ele conta que, "pela primeira vez", os sindicalistas foram recebidos pelo presidente da Vale. "Ele é gentil, cordial. Não tem a truculência do Roger. Conseguimos muitos avanços."

Já Victor Pena, analista do Banco do Brasil, diz que as grandes empresas "não têm muita saída" nas negociações com empregados, pois uma greve custa mais do que conceder aumentos superiores à inflação e outros benefícios.

AGRADO

Segundo Soares, nas reuniões do conselho de administração, o perfil conciliador de Ferreira sempre sobressai. O executivo, diz, está sempre disposto a ouvir e debater temas -entre eles, a maior remuneração aos acionistas, aprovada no conselho.

Para Mário Mariante, analista da corretora Planner, a direção da Vale quis "fazer um agrado" aos acionistas e tornar o papel da companhia "mais atrativo" num momento em que tinha sobra de

caixa.

"A Vale tem ótimos indicadores de endividamento e excesso de caixa. A companhia vinha, nos últimos anos, distribuindo dividendos sempre pouco acima do que a lei exige. Neste ano, com a queda das ações, resolveu ampliar a remuneração aos acionistas e, assim, atrair investidores", diz Pena.

Para Pedro Galdi, da corretora SLW, a maior distribuição de lucros não afeta o plano de investimentos da Vale, cuja projeção inicial, porém, foi reduzida de US$ 24 bilhões para US$ 18 bilhões em 2011. "A Vale tem caixa suficiente para ampliar dividendos e tocar seus projetos."

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