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Isento do IR, título agropecuário atrai mais investidores

Benefício é dado a pessoas físicas que aplicam nas chamadas LCAs; pequeno poupador tem pouco acesso

Papel tem lastro em empréstimos de bancos a produtores rurais e rendimento líquido maior que o do CDB

Alessandro Shinoda/Folhapress/SÃO PAULO/SP
Antonio Ernesto Donadio, 80, que investe em LCAs
Antonio Ernesto Donadio, 80, que investe em LCAs

CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO

Aos 80 anos, Antonio Ernesto Donadio dedica pelo menos quatro horas por dia à gestão dos seus investimentos. E quase metade dos recursos aplicados (40%) está nas chamadas LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio).

"Aposentado é uma palavra tão feia... Trabalho em casa; estou ligado em tudo", diz, sem revelar valores.

Embora ainda pouco conhecidos dos pequenos poupadores -em geral, os bancos oferecem esses produtos a clientes de alta renda-, a demanda pelas LCAs tem crescido.

Entre as vantagens desse tipo de papel estão a isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas e não incidência de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), tanto para os investidores individuais quanto para os institucionais.

Esse incentivo faz com que o rendimento líquido possa superar o do CDB, sobre o qual é cobrado IR. Em geral, a rentabilidade das LCAs fica entre 93% do CDI e 105% do CDI, conforme o banco, o valor investido e o prazo.

O estoque desses papéis registrados na Cetip superou

R$ 17 bilhões em outubro de 2011, valor 31% maior que o verificado no fim de 2010.

Na BM&FBovespa, chegou a R$ 6,2 bilhões no último mês de outubro, mais de 20 vezes o registrado no fechamento do ano passado.

Outro ponto favorável à LCA é que existe uma dupla garantia: a do banco, que emite o papel, e a da produção rural, que também está vinculada ao investimento.

Isso porque a LCA está lastreada em empréstimos feitos pela instituição financeira a produtores rurais -portanto, com a produção agropecuária e bens como garantia.

SEM FUNDO GARANTIDOR

Mas é importante destacar que, nas LCAs, não há a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito para investimentos no valor de até R$ 70 mil, como acontece na poupança, por exemplo.

"O potencial dos papéis ligados à produção agrícola é grande", diz Fernando Pimentel, sócio diretor da consultoria Agrosecurity.

"Considerando a demanda global crescente por alimentos, como grãos, títulos relacionados ao setor rural não são mau negócio, independentemente de crise. As pessoas deixam de comprar carro, mas não comida."

O Banco do Brasil foi um dos primeiros a emitir LCAs, em 2005. Atualmente, esses títulos estão no portfólio dos principais bancos no país.

O Banco Original (antigo Banco JBS) é um deles. A carteira de LCAs da instituição saltou de R$ 15 milhões no início de 2009 para R$ 250 milhões atualmente.

A aplicação mínima exigida é R$ 100 mil, por um período de ao menos 30 dias. Se o investidor fizer retirada antes do prazo contratado, paga uma penalidade variável.

"Avaliamos com rigor o crédito que concedemos ao produtor rural, em busca de segurança", diz Emerson Loureiro, presidente do Original. "Nossa taxa de perda [produtores que não pagam] é bem baixa, inferior a 0,5%."

O Santander, que começou a emitir LCA em 2007, tem hoje cerca de R$ 1 bilhão em carteira. A aplicação mínima é R$ 250 mil por um ano.

"Nossa demanda dos clientes de renda mais alta pelo papel consome toda a nossa oferta", diz Christiano Ehlers, superintendente executivo do segmento do Santander voltado a investidores com pelo menos R$ 3 milhões.

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