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Tributo em carro importado supera 56%

Com nova alíquota de IPI, carga tributária nos modelos estrangeiros representará mais da metade do preço final

Para associação das montadoras nacionais, câmbio distorce comparação com os modelos estrangeiros

gabriel baldocchi
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O esforço do governo para proteger as montadoras com fábrica no país aumentará o peso dos tributos nos veículos importados para mais da metade do preço de venda.

A nova alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os modelos estrangeiros passa a valer na sexta-feira e eleva a carga tributária de 48,72% para 56,12% do valor final dos estrangeiros, segundo cálculo do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), feito a pedido da Folha.

O percentual para os nacionais permanece em 41,12%.

Significa dizer que cerca de R$ 52 mil do coreano Kia Sportage gasolina 2.0 vendido a R$ 93 mil seriam desembolsados para cobrir o custo tributário. O preço considera o aumento de 6,57% anunciado pela marca após a medida, em outubro.

A conta engloba tributos diluídos por toda a cadeia e repassados ao preço final de venda. O instituto utiliza a metodologia desde 2005 para o cálculo em diversos produtos.

O reajuste de 30 pontos percentuais no IPI será aplicado às marcas importadas com índice de nacionalização inferior a 65%. A redução do tributo está atrelada a contrapartidas de investimento em inovação.

Estão livres da tributação maior as unidades vindas de países com os quais o Brasil tem acordo, como a Argentina e o México.

A medida foi anunciada em setembro como uma forma de preservar empregos no país. O decreto previa o aumento imediato do IPI, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) julgou inconstitucional o texto porque não respeitava o prazo mínimo necessário para a elevação do tributo, de 90 dias.

CÂMBIO

O presidente da Anfavea (associação das montadoras com fábrica no país), Cledorvino Belini, afirma que o câmbio distorce a comparação de preços.

"Não se trata de isonomia, trata-se de política industrial. Quando você tem o real fortalecido em 30%, 35% e outros países desvalorizaram as suas moedas em 30% e 35%, você abriu o que se chama de boca de jacaré de 60, 65 pontos. Essas questões têm de ser analisadas no contexto."

O consultor Luiz Carlos Mello, do CEA (Centro de Estudos Automotivos), acredita que marcas importadas, em especial coreanas e chinesas, conseguirão superar a diferença entre as cargas tributárias em pouco tempo.

"A competitividade você não alcança através de medidas artificiais como essa, mas com estímulo à educação e inovação e pesquisa."

Para a maior parte dos tributaristas ouvidos pela Folha, o governo deveria ter optado pela desoneração dos veículos que atendessem os requisitos propostos.

"Nós achamos o efeito protecionista, dessa forma, bastante perverso. Se quer proteger, diminui o interno e não aumenta o externo. O efeito seria muito mais rápido. É muito cômodo aumentar tributo", afirma o presidente do IBPT, João Eloi Olenike.

A desoneração, segundo especialistas, traria menor desgaste internacional e poderia ser aplicada de imediato. Em reunião da OMC (Organização Mundial de Comércio), em outubro, Japão, Coreia, Austrália, EUA e União Europeia questionaram a elevação do imposto.

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