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Análise Pecuária

Cana é opção para alimentar vacas leiteiras na estiagem

MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI
ESPECIAL PARA A FOLHA

QUALQUER PRODUTOR PODE MANTER UMA ÁREA COM A CULTURA EM SUA PROPRIEDADE

As condições climáticas na região centro-sul nesta época do ano favorecem o desenvolvimento das pastagens tropicais, com reflexos diretos na atividade leiteira.

As vacas ganham peso, produzem mais leite e se reproduzem com maior eficiência. O custo por litro de leite diminui, assim como o uso de mão de obra. Essa situação normalmente perdura até o início do outono.

A falta de chuvas e a predominância de temperaturas mais baixas, próprias do inverno, restringem em muito a alimentação do rebanho leiteiro em regime de pasto.

O produtor não especializado fica à mercê do tempo. Entretanto, não há mais espaço para o amadorismo.

Várias ações podem e devem ser implementadas, como o uso de alimentos conservados na forma de silagem ou feno, pastagens de clima temperado ou a irrigação.

Mas essas alternativas são dependentes de investimentos em máquinas, equipamentos, mão de obra e disponibilidade de água, inviabilizando a adoção das práticas por muitos produtores.

O uso da cana na alimentação de vacas leiteiras também é alternativa bastante viável no período de estiagem.

Apesar de ser um alimento com menor teor de nutrientes e menos digestível do que as pastagens tropicais bem manejadas, a cana tem inúmeras vantagens.

A tecnologia de produção é dominada. As condições climáticas do verão, quente e úmido, são propícias para o desenvolvimento da cultura, enquanto o inverno seco favorece a maturação.

Outros pontos positivos são a alta produção por área, o baixo custo por quilo produzido, a disponibilidade de mudas e o fato de não ser necessário conservar, uma vez que está pronta para uso na época de maior necessidade de alimento (inverno).

Qualquer produtor pode manter uma área com a cultura em sua propriedade.

Alguns cuidados devem ser tomados no uso da cana: optar por variedades mais produtivas e resistentes; fornecer cana fresca, despalhada e bem triturada; limpar os cochos diariamente; adicionar uma fonte de nitrogênio (ureia pecuária) para otimizar o processo digestivo.

E também aumentar o teor de proteína, lembrando de realizar a adaptação para evitar a intoxicação, e fazer o balanceamento da dieta.

O produtor precisa estar consciente de que essa alternativa requer uso mais intensivo de mão de obra, planejamento, adequação.

Entretanto, é uma solução que contribui para viabilizar a pequena propriedade, pois permite a produção de grande volume de alimento em uma pequena área.

Além disso, não requer elevados investimentos em máquinas e equipamentos e tem um custo menor do que os alimentos conservados, como a silagem de milho e outros.

MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI é veterinário, doutor e responsável pelo Sistema de Leite da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos - SP).

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