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Commodities

Pará estuda excluir minérios de nova taxa

Cobrança de R$ 6 por tonelada, aprovada nesta semana, pode cair para produtos menos rentáveis, como bauxita

Mantida no patamar atual, taxa pode tornar inviável exploração do minério usado na produção de alumínio

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

O governo do Pará estuda adotar valores reduzidos na taxa de fiscalização sobre a atividade de mineração para produtos que podem ser excessivamente onerados com a nova cobrança.

Nesta semana, a Assembleia Legislativa do Pará aprovou a criação da taxa, de R$ 6 por tonelada de minério extraída no Estado.

O objetivo é custear o controle da pesquisa, da lavra e da exploração mineral no Pará e a criação de um cadastro para esse acompanhamento. Mas especialistas relacionam a cobrança a uma recomposição de perdas de arrecadação com a Lei Kandir.

A nova taxa renderá cerca de R$ 800 milhões ao governo estadual.

Em princípio, o valor é o mesmo para qualquer tipo de minério -da bauxita, cuja tonelada é vendida por cerca de R$ 40, ao minério de ferro, que ontem valia US$ 133 a tonelada, ou R$ 247.

"Dar tratamento uniforme para todos os bens minerais pode afetar mais a competitividade de algumas indústrias do que outras", afirma André Reis, coordenador do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) na Amazônia.

A bauxita, insumo para produção de alumínio, está no grupo dos mais afetados pelo tratamento uniforme.

O Brasil tem a terceira maior reserva de bauxita do mundo, concentrada no Pará (95% do total). É o segundo mineral mais produzido no Estado, com cerca de 20 milhões de toneladas anuais.

Apesar de o texto do projeto de lei não diferenciar os diferentes tipos de minério, o vice-governador do Estado, Helenilson Pontes (PPS), afirma que a produção de bauxita não será prejudicada.

O projeto, que aguarda sanção do governador, autor da proposta, autoriza o Executivo a reduzir o valor da taxa. "Estudamos a possibilidade de reduzir até zero a taxa em casos de onerosidade excessiva", afirmou.

MINÉRIO DE FERRO

Principal produto do setor mineral paraense, o minério de ferro será o mais atingido por responder pelo maior volume de produção, disse o vice-governador. Segundo Pontes, "R$ 6 representam muito pouco da tonelada de minério de ferro".

No ano passado, 110 milhões de toneladas de ferro foram produzidos no Pará. Até setembro deste ano, somente a Vale foi responsável por 80 milhões de toneladas em Carajás, a maior mina de ferro do mundo.

Amplamente afetada pela nova taxa, a Vale divulgou nota, anteontem, afirmando que considera inconstitucional a criação das taxas e que avalia medidas jurídicas cabíveis. Procurada, ontem, a empresa disse que não comentaria mais o assunto.

O presidente do Simineral (Sindicato das Indústrias Minerais do Pará), José Fernando Gomes, disse que aguarda a publicação da lei no "Diário Oficial" para ir à Justiça.

As indústrias consideram a cobrança inconstitucional porque o poder de fiscalizar seria da União. O governo do Pará entende que também é papel do Estado monitorar atividades que envolvam recursos minerais e hídricos.

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