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Eólica pode alcançar preço de hidrelétrica

Competição entre distribuidoras em leilão hoje pode fazer preço do megawatt-hora se igualar ao de grandes usinas

Uso do vento para geração de energia cresce no país e já é mais competitivo do que as termelétricas

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

O preço da energia eólica no Brasil pode alcançar o valor das grandes hidrelétricas, como Belo Monte, Jirau ou Santo Antônio. O fato, histórico, pode ocorrer hoje, em São Paulo.

A Aneel (agência reguladora do setor de energia elétrica no Brasil) promove logo mais o leilão A-5 (lê-se, A menos cinco) - quando as distribuidoras irão contratar energia de que necessitam para atender seus mercados a partir de 2016.

O preço médio da geração eólica no último leilão -R$ 99 por MWh (megawatt-hora)- pode baixar mais e se aproximar dos preços mais competitivos de hidrelétricas, entre R$ 80 e R$ 90/MWh. A despeito disso, eólica já é a 2ª fonte mais barata do país.

Seis fábricas estão instaladas ou em fase de instalação. O resultado é uma superoferta de projetos.

Dos 6.286 MW habilitados pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) para o leilão de hoje, 5.149 MW são de fonte eólica. No total, 205 empreendimentos disputarão o leilão. Investidores aproveitaram a ausência de grandes hidrelétricas (por falta de licença ambiental) e de térmicas (por falta de gás natural) e prometem dominar a disputa por contratos para 2016.

De outras fontes, há pouco coisa: 13 térmicas movidas a bagaço de cana (com capacidade total de 602 MW); 8 pequenas centrais hidrelétricas, com oferta de 147 MW; e 5 hidrelétricas, com potência total de 388 MW.

Maurício Tolmasquim, presidente da EPE, diz que o leilão pode mesmo surpreender, mas prefere não fazer previsões. "Não é possível saber se o preço será ainda menor do que foi no último leilão, mas, a despeito disso, o valor da energia eólica no país já é muito competitivo", afirma.

Elbia Melo, presidente da Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), diz que a conjuntura internacional mudou desde agosto, data do último leilão.

"Não ousaria dizer o que poderá ocorrer no leilão de hoje. Apenas que projetos eólicos vão disputar com projetos eólicos", diz.

INSUBSTITUÍVEL

O preço da geração eólica pode cair, mas as hidrelétricas são insubstituíveis. "As hidrelétricas convivem sem as eólicas, mas as eólicas não podem prescindir das hidrelétricas", diz Tolmasquim.

A base da geração no Brasil é hídrica e continuará a ser. O país conhece o regime de chuvas e organiza a oferta de energia a partir disso. A geração eólica não dispõe de informação similar, tampouco de escala como as hidrelétricas. Daí a razão de ser uma fonte apenas complementar.

Hoje, há instalado no Brasil (entre todas as fontes) 112,3 mil MW. Desse total, 68,5% da capacidade é de hidrelétrica, seguida das térmicas (25,65%). A fonte eólica responde por apenas 0,82% do parque de geração elétrica.

Até 2014, a indústria de geração eólica estima alcançar patamar de 5,3% da base instalada no país. Com um potencial estimado já em 300 mil MW é uma fonte promissora, mas complementar.

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