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Queda nos preços pressiona setor de TVs

Oferta excessiva de aparelhos reduz margem de lucro e dificulta operações de fabricantes e de redes varejistas

A Sony anunciou que irá deixar a parceria com a Samsung para a produção de painéis para aparelhos de LCD

ANDREW MARTIN
DO “FINANCIAL TIMES”

O momento é ótimo para comprar um aparelho de TV, e Ram Lall, vendedor de uma grande loja de eletrônicos em Nova York, não está feliz com isso. Segundo ele, os dias em que a venda de TVs propiciava altos lucros são coisa do passado.

Apontando para um dos modelos mais caros da Sony, Lall diz que há poucos anos estava à venda por US$ 6.000. O preço atual? US$ 2.599.

Os aparelhos se tornaram tão baratos que quase não oferecem mais lucro, como resultado de uma imensa ampliação na capacidade de fabricação, que resultou em oferta excessiva e pressão de baixa nos preços.

O faturamento dos maiores fabricantes de televisores, a exemplo de Panasonic e Toshiba, sofreu abalo.

A Sony, por exemplo, está reorganizando suas operações no segmento. Tentando conter o prejuízo, anunciou que abandonará a joint venture de painéis planos com a Samsung, criada em 2004 para aproveitar o boom de televisores com telas de LCD.

Mesmo concorrentes mais novos e mais ágeis, como a Samsung e a LG, vêm enfrentando dificuldades para lucrar com a produção de televisores.

Para o varejo, o quadro não é muito melhor. A rede norte-americana Best Buy reportou queda de 29% em seu faturamento do trimestre, em parte porque o varejo reduziu os preços dos televisores e outros eletrônicos.

"A indústria treinou o consumidor a saber que, sempre que surge uma nova tecnologia, basta esperar seis meses para que o preço caia", diz o consultora da IHS iSuppli, Riddhi Patel.

Segundo Paul Gagnon, da DisplaySearch, um televisor Sharp de 60 polegadas pode ser encontrado nos EUA por US$ 799 -metade do preço que tinha um ano atrás.

Os consumidores compram televisores novos a cada sete anos, em média, e um domicílio médio tem 2,8 televisores, disse.

Embora esses números possam sugerir uma bonança, Gagnon diz que os aparelhos mais sofisticados têm produção cara e reduzem a margem de lucro.

Para ajudar a reduzir custos, os fabricantes investiram pesadamente em unidades novas e sofisticadas capazes de produzir mais aparelhos a custo mais baixo. Elas passaram a operar bem no momento da recessão, criando um excedente de TVs e forçando uma baixa de preços.

Talvez ainda mais ameaçador no longo prazo, o futuro dos televisores parece estar mais relacionado a conteúdo, como no caso da Netflix e do iTunes, do que a novos recursos de hardware, tais como telas planas.

Os fabricantes de TV não obtiveram sucesso com seus esforços nessa área, enquanto Apple e Google continuam a virar o setor de cabeça para baixo.

Tradução de PAULO MIGLIACCI.

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