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Álcool perde vantagem na atual safra

Alta dos preços do derivado da cana leva os usuários de carro flex a utilizar gasolina por quase todo o ano de 2011

Em pelo menos oito meses do ano-safra 2011/12 o etanol será menos vantajoso do que a gasolina

dorivan Marinho/Folhapress
Usina de produção de álcool no Paraná; elevação do preço faz etanol perder competitividade perante a gasolina em pelo menos oito meses nesta safra
Usina de produção de álcool no Paraná; elevação do preço faz etanol perder competitividade perante a gasolina em pelo menos oito meses nesta safra

MAURO ZAFALON
colunista da folha

A safra atual de cana-de-açúcar vai se caracterizar como a menos favorável para os consumidores de etanol na era do carro flex.

Em pelo menos oito meses do ano-safra 2011/12, o uso do derivado da cana será menos vantajoso do que a gasolina -o período vantajoso foi de maio a agosto.

Atualmente, o etanol vale, em média, 72,2% do valor da gasolina nos postos da capital paulista. Ao superar 70%, esse combustível deixa de ser competitivo devido ao menor rendimento ante a gasolina.

O uso do álcool começou a ser menos vantajoso do que o derivado de petróleo no início de setembro, bem antes do que ocorre nos anos anteriores. Essa desvantagem do etanol deverá permanecer até o retorno pleno da safra 2012/13, o que ocorrerá em maio do próximo ano.

A safra deste ano foi marcada por forte redução na produção de álcool hidratado -usado diretamente no tanque do carro.

Até novembro, a produção de álcool hidratado estava em apenas 12,5 bilhões de litros na região centro-sul, 29% menos do que em igual período do ano anterior.

Com remuneração maior para as usinas, a produção de anidro (álcool usado para mistura na gasolina) subiu para 6,9 bilhões de litros, 9% mais do que no ano passado.

O aumento da produção de carros flex elevou a demanda pelo combustível neste ano. A oferta menor de álcool, no entanto, provocou forte aceleração nos preços. O resultado foi que o uso do etanol se tornou desvantajoso em São Paulo poucos meses depois do início da safra.

Do lado das usinas, o saldo do ano pode ser considerado positivo. O país venceu a batalha tarifária contra os Estados Unidos, que impunham taxa sobre a importação de álcool.

O país perdeu, no entanto, a batalha interna da produção. Falta de renovação de canaviais e clima desfavorável provocaram redução no volume de cana colhida.

A menor oferta de etanol, no entanto, elevou os preços recebidos pelas usinas, melhorando o caixa das indústrias. Estas tiveram, no entanto, custo maior porque utilizaram toda a estrutura que possuem para movimentar uma safra menor e com produtividade abaixo do normal.

De maio até a segunda quinzena deste mês, o álcool hidratado subiu 33% nas usinas em relação a igual período anterior. O anidro teve alta de 31%.

No mesmo período, os preços praticados pelos postos de São Paulo subiram 28% para os consumidores paulistanos, conforme pesquisa semanal da Folha.

GASOLINA

A alta do álcool provocou elevação também nos preços da gasolina, que foi reajustada em 11% nos postos de São Paulo, principalmente devido à pressão do álcool anidro -que teve o percentual de mistura à gasolina reduzido de 25% para 20%.

A escassez de álcool mudou o quadro de oferta e demanda neste ano. O Brasil passou a ser importador tanto de etanol como de gasolina. A safra de cana 2011/12 foi marcada por um cenário bem diferente dos anteriores. O mesmo pode ocorrer com a entressafra.

Os preços vão continuar elevados, mas, se a indicação do mercado futuro da BM&FBovespa se concretizar, o álcool custará 10% menos em março/abril do próximo ano em relação ao preço deste ano na porta das usinas.

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