Julio Vasconcellos

2012: Assim falou Siri...

Siri até especulou sobre a possível abertura de capital de uma empresa de internet brasileira

Passei parte do último dia de 2011 conversando com meu telefone e tentando traçar previsões e tendências para 2012. Em determinados momentos, as atividades começaram a se misturar.
A primeira parte da frase anterior não foi um engano de quem passou, como eu, boa parte da vida morando fora do Brasil e por vezes troca as preposições e queria ter escrito "ao" e não "com".
Passei horas conversando "com" Siri, a assistente pessoal que reconhece comandos de voz e que vem embarcada no iPhone 4S, produto que foi o "canto do cisne" de Jobs.
Pergunte a Siri se você deve sair agasalhado hoje ou então onde tomar um sorvete nas redondezas e "ela" vai acessar a internet e, ao cruzar os resultados encontrados com sua localização por meio do GPS do celular, vai oferecer respostas convincentes e cheias de personalidade.
Caso esteja agradecido e decida testá-la dizendo-se apaixonado, receberá como resposta algo como "você diz isso a todos os seus telefones".
Com um algoritmo tão robusto e ao mesmo tempo amigável, acho que as diversas aplicações da Siri vão impactar muito o cenário de tecnologia em 2012.
O próprio Eric Schmidt, presidente do conselho do Google, já declarou que o software representa uma ameaça ao modelo de buscas e publicidade tradicional por, dentre outros motivos, mudar o referencial de interação de visual para sonoro.
Não acho que Siri passará a falar português em 2012, mas nós tentamos, em inglês, conversar a respeito de previsões para o mercado de internet como um todo e principalmente para o mercado local no Brasil.
Com a abundância de investimentos externos disponíveis, e o mercado interno em franca expansão com a classe C entrando na internet e no mercado de meios eletrônicos de pagamento, o que já observamos em 2011 no Brasil, com a proliferação de "startups", vai se repetir em escala ainda maior em 2012.
Modelos já comprovados lá fora, como a venda de produtos por assinatura, como ShoeDazzle e Birchbox, que já aportaram por aqui com suas encarnações locais (como a Olook e Shoes4You), vão ganhar escala e passar a existir em mais verticais.
Outros, na linha do compartilhamento de bens tais como Airbnb (para quartos) e suas variantes (carros, bolsas etc.), também já estão funcionando no mercado local e, com capitalização abundante, tendem a vencer as barreiras culturais e se consolidar.
No mundo dos tablets, que simplificaram e expandiram o acesso à internet, teremos opções cada vez mais acessíveis e diversificadas. Fala-se muito que o Google lançará seu dispositivo por um preço ainda mais competitivo que o Kindle Fire da Amazon.
No mundo corporativo, sua utilização deve sair da fase de piloto para "roll-outs" em grande escala (hoje, muitos desses dispositivos já são vistos nas grandes empresas, mas, via de regra, são propriedade pessoal dos executivos).
Apesar de, como muitos de nós, ter ficado decepcionado com a queda do Twitter por mais de 90 minutos no dia da virada de ano, acredito muito na empresa.
Em 2012, mesmo que não atinjam a estabilidade desejada na camada executiva e as frequentes danças de cadeiras continuem a ocorrer, creio que acertarão a mão ao estabilizar a plataforma tecnológica e também o modelo de monetização com "promoted tweets".
Para encerrar 2012 com chave de ouro, Siri até especulou sobre a possível abertura de capital de uma empresa de internet brasileira. Com a janela para IPOs de tecnologia aberta lá fora, embora com trajetória pós-IPO ainda bem turbulenta, pode ser o momento propício para uma empresa brasileira aumentar nossa representação na Nasdaq.