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EUA suspendem negócio com a Embraer

Concorrente contesta contrato de venda de 20 aeronaves para Força Aérea norte-americana, no valor de US$ 355 mi

Campanha de apelo protecionista foi determinante; empresa brasileira espera retomada rápida

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

A Força Aérea dos EUA suspendeu na quarta o contrato de compra de 20 aviões A-29 Super Tucano fabricados pela Embraer, diante de pressões protecionistas.

O contrato -o primeiro da empresa brasileira com o Ministério da Defesa americano- havia sido anunciado no dia 30 de dezembro, mas é questionado na Justiça pela concorrente, a Hawker Beechcraft (HB).

A HB entrou com ação em um tribunal federal pedindo suspensão temporária na execução do contrato, argumentando ter sido excluída de maneira injusta da licitação. A Força Aérea suspendeu o contrato enquanto o juiz examina o caso.

O valor do negócio é de US$ 355 milhões, o que inclui o fornecimento das aeronaves e do pacote de serviços, como treinamento de mecânicos. Mas há a expectativa de vender mais 35 aviões, o que elevaria o contrato à cifra de US$ 950 milhões.

Ontem, o senador Pat Roberts, do Kansas, onde está sediada a HB, pediu que a Força Aérea explique a um grupo de congressistas sua decisão de excluir a americana do contrato.

"Não vejo razões para 1.400 empregos americanos serem dados de presente para uma empresa brasileira."

Para cumprir exigências de compras governamentais dos Estados Unidos, a Embraer se associou à americana Sierra Nevada e os aviões serão montados na Flórida.

INJUSTIÇA

"Acreditamos que fomos excluídos injustamente da licitação", disse o presidente da HB, Bill Boisture.

"Não entendemos a razão para exclusão, temos o melhor avião. Então vamos usar todos os caminhos possíveis para assegurar que nosso produto será avaliado de forma completa; somos uma empresa dos EUA e merecemos uma chance neste contrato."

A HB está contestando o contrato desde que foi excluída da licitação, em novembro, e recorreu ao Government Accountability Office, agência que audita gastos do governo americano.

O GAO se negou a investigar o contrato, argumentando que a HB havia perdido o prazo para registrar protestos. E, segundo a GAO, a Força Aérea chegou à conclusão de que a proposta de fornecimento de aviões AT-6 da HB tinha "múltiplas deficiências e fraquezas que a tornava tecnicamente inaceitável para a missão".

Depois da recusa da GAO, a HB entrou com ação no tribunal federal, que aceitou rever o contrato. A expectativa é que o tribunal decida até o fim de fevereiro.

Um alto executivo da Embraer disse à Folha que a empresa "confia que a situação será resolvida rapidamente, e os contratos, retomados".

Em comunicado, a Força Aérea dos EUA disse que o processo de licitação foi "justo, aberto e transparente". "A Força Aérea crê que o litígio será resolvido rapidamente."

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