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Reassentados por usina dependem de ajuda para sobreviver

Às vésperas da abertura da hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), ribeirinhos perdem pesca e turismo

Os desalojados pelo reservatório terão a ajuda mensal de R$ 1.000 renovada pela concessionária

Fotos Joel Silva/Folhapress
O pescador Pedro Fonseca da Cruz
O pescador Pedro Fonseca da Cruz

GUSTAVO HENNEMANN
ENVIADO ESPECIAL A PORTO VELHO

Às vésperas de a usina de Santo Antônio começar a girar sua primeira turbina em Porto Velho (RO), ribeirinhos retirados das margens do rio Madeira ainda dependem da ajuda financeira da concessionária para sobreviver.

Cerca de 270 famílias foram removidas para dar lugar ao reservatório de água da hidrelétrica. Elas se mantinham com a pesca artesanal e a agricultura e, agora, enfrentam dificuldades para produzir nos assentamentos.

No assentamento rural Vila Teotônio -um dos seis construídos pela Santo Antônio Energia-, os pescadores reclamam que ficaram sem fonte de renda depois de peixes e turistas "sumirem".

Desde o fim de 2010, esse assentamento começou a receber 40 famílias que moravam numa vila próxima a uma cachoeira que hoje está coberta pela água.

O grupo foi instalado na beira do reservatório, que começou a encher em setembro e seguirá elevando o nível da água até o fim de janeiro.

"Eu saía de barco e, na volta, enchia os congeladores de peixe. Hoje, gasto 80 litros de combustível dando volta nesse lago e não trago 20 kg", diz Pedro Fonseca da Cruz, 59.

"Já minha mulher servia comida para turistas que vinham pescar na cachoeira. Agora não vendemos três marmitex por dia", afirma.

Segundo o vice-presidente da associação de moradores, Mario Marcelo Gonçalves da Silva, 32, os pescadores conseguiam até 500 kg de peixe por dia no período mais produtivo e cada família do vilarejo hoje inundado tinha renda mensal entre R$ 2.000 e R$ 5.000 durante o ano.

"Hoje, a renda aqui no assentamento é zero. Somos bancados por eles [concessionária] e, por isso, pedimos para estenderem por oito meses o pagamento de um auxílio mensal de R$ 1.000", afirma.

O auxílio pago tem o objetivo de garantir a renda enquanto a produtividade é ajustada. A previsão era de pagá-lo por até dez meses.

No entanto, o período terá de ser estendido em todos os assentamentos rurais, segundo o gerente de sustentabilidade da concessionária, Ricardo Márcio Martins Alves.

De acordo com ele, há "dificuldades na reorganização da atividade produtiva" porque os pescadores terão de se adaptar a novas técnicas de pesca e porque os agricultores terão de se familiarizar com um solo diferente.

Por determinação do Ibama, a concessionária tem de dar assistência técnica e monitorar os assentamentos durante três anos.

No caso do assentamento mais antigo -Novo Engenho Velho, inaugurado em outubro de 2008-, o apoio aos assentados continua, apesar de o tempo mínimo já ter se encerrado. O início da operação comercial da usina deve ocorrer no final deste mês.

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