Índice geral Mercado
Mercado
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Folha Verão

Preços de verão sobem mais que a inflação

Em meio a pressões de custo e alta do consumo, produtos como cerveja, sorvete e bermuda aumentam mais que o IPCA

Hotel (17%) e passagem aérea (53%) também sobem forte; ventilador e ar-condicionado são exceções e recuam

Rafael Andrade/Folhapress
Vendedor de biquínis na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro
Vendedor de biquínis na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro

PEDRO SOARES
DO RIO

No verão de 2011, mais ensolarado e com menos chuva que o atual, a vendedora Renata Miranda, 27, e sua mãe, Elisabeth, 52, ofereciam cerveja a R$ 3 na barraca que mantêm há dez anos no Posto 9, em Ipanema (Rio).

Passado um ano, a mesma latinha custa R$ 4. Nas tabelas de preço, também subiram caipirinha, coco, água e aluguel de cadeira e guarda-sol em vários pontos da praia.

"Mas, de tudo o que compramos, foi a cerveja que ficou mais cara", diz Elisabeth, que há 25 anos trabalha na praia e conseguiu, com a renda, colocar a filha na faculdade de direito.

Dono de barraca há três décadas, Manuel Ferreira da Silva, 73, também reclama. "Tudo subiu muito e tivemos de repassar. O gelo, que eu pagava R$ 7, não sai por menos de R$ 10 o saco. E são ao menos dez num sábado de sol."

Levantamento da Folha a partir de dados do IBGE mostra que vários itens de verão subiram mais no acumulado de janeiro a dezembro de 2011 do que em igual período de 2010. Na lista estão sorvete (16,41%), cerveja fora de casa (14,72%), refrigerante e água fora de casa (11%).

Nem todos os produtos são pesquisados pelos índices oficiais de preço. Em Ipanema, por exemplo, o coco passou de R$ 3 para até R$ 4,5, mas não entra na inflação.

Não só produtos vendidos na praia aumentaram. Subiram bermuda masculina (11,16%), sandália feminina (12,73%) e depilação (10%). Os gastos de férias também subiram, como hotel (17,37%) e passagem aérea (52,91%).

Todos os itens citados oscilaram acima do IPCA, cuja alta foi de 6,5% em 2011.

Pressões de custo (como a alta do salário mínimo e seu impacto nos serviços), aumento de impostos (bebidas), renda em alta e a consequente elevação do consumo explicam os reajustes de artigos típicos da estação quente, segundo economistas.

Exceções são ventilador e ar-condicionado, cujos preços caíram na esteira da concorrência com importados.

PÉ NO FREIO

Com preços mais altos, os consumidores colocaram o pé no freio. A vendedora Elisabeth diz que tem de "suar muito" para atrair clientes.

"No começo de dezembro, foi ruim, mas vieram as festas e, com elas, os turistas. Daí, as pessoas passaram a gastar um pouco mais", completa a filha Renata.

O maior problema enfrentado, porém, é o clima instável. "Ainda não tivemos neste verão três dias seguidos de sol", diz o vendedor Silva.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.