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'País faz protecionismo defensivo', diz argentino

DE BUENOS AIRES

Para o ex-ministro de Economia da Argentina Martin Lousteau, 41, as declarações do ministro Fernando Pimentel ilustram o atual momento de conflito na relação comercial dos dois países.

Lousteau, que atuou na primeira gestão de Cristina Kirchner, mas se afastou do governo depois da crise com o campo, em 2008, acha que o protecionismo argentino praticado pelo governo é muito "defensivo", e que o país deveria imitar o Brasil.

(SC)

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O porquê das medidas

É necessário entender o momento do crescimento argentino. Crescemos muito principalmente em duas fases, de 2002 a 2005, e de 2005 a 2008, ainda que nesta última com inflação e com perda de competitividade.

Com o valor da soja caindo, o Estado busca outros motores de crescimento, usando reservas do banco central. Hoje, o crescimento passou a ser mais difícil de manter.

O problema das medidas de restrição ao comércio exterior não é o protecionismo, mas o tipo de protecionismo. Tem mais a ver com uma ideia de não querer perder reservas do que com um plano específico relacionado a para onde o mundo está indo. O que o governo quer é deixar de perder dólares.

União

Sim. Isso é muito importante. Os países do Mercosul estão perdendo tempo discutindo essas travas internas sem ter claro o que vem por aí. A crise global vai ser dura para todos nós. A região teria de encontrar um modo de defender-se unida.

Dentro do Brasil e dentro da Argentina há interesses que fazem com que esse objetivo em comum seja cada vez mais difícil. No Brasil existem vozes que gostam de apontar para as deficiências do Mercosul ou para as contínuas lutas com a Argentina.

Solução para o impasse

São necessárias políticas de integração industrial. Há 40 países no mundo que podem produzir automóveis.

A Argentina estará entre os últimos, Brasil um pouco melhor, mas, se entrarem juntos no mercado mundial, podíamos ser os primeiros.

Para a Argentina, custa pensar assim porque nos pesa muito o deficit comercial. Falta aos dois países pensar em sentido mais desenvolvimentista de longo prazo.

Impacto da crise

Diferentemente do Brasil, não fizemos trabalho prévio na época boa para nós. Então, o mundo nos aparece como uma ameaça agora, e não com uma possibilidade de oportunidades.

É provável que, com toda a liquidez gerada pela crise, parte do dinheiro estará dando voltas por aí. O Brasil vai se aproveitar disso, a Argentina não. Porque o Brasil se preparou e hoje seus presidentes vão aos fóruns mundiais de outra maneira. O Brasil está aproveitando para elevar seu status no mundo. A Argentina não.

FOLHA.com

Leia a íntegra da entrevista
folha.com/no1036937

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