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Fim de sacolas começa hoje sob polêmicas Indústria do plástico diz que acordo gerará economia para supermercados, que passarão a cobrar por sacolinhas Modelos biodegradáveis estão a preço de custo, diz Apas; debate feito pela Folha discutiu impactos da medida
DE SÃO PAULO Representantes do governo estadual, do setor supermercadista e da indústria do plástico se reuniram, pela primeira vez, para debater a decisão de banir o uso de sacolas plásticas descartáveis. A medida entra em vigor hoje, sem força de lei e com apoio do governo. Redes como Pão de Açúcar, Walmart e Carrefour já aderiram. O debate ocorreu no auditório da Folha, anteontem, entre João Galassi, da Associação Paulista dos Supermercados (Apas), Miguel Bahiense, da Plastivida, Bruno Covas, secretário de Meio Ambiente do Estado, e Reginaldo Sena, do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor. Leia alguns trechos. - Folha - Por que a Apas vai banir as sacolas plásticas descartáveis dos supermercados? João Galassi - É demanda da sociedade. Queremos substituir sacolas descartáveis por reutilizáveis. A questão é de mudança de hábito e adequação ao uso de alternativas, como caixas de papelão, carrinhos de feira etc. Miguel Bahiense - Banir nunca é a solução. Em três anos, a Plastivida diminuiu em 5 bilhões o número de sacolas plásticas consumidas com ações contra o hábito de embalar uma sobre a outra para carregar as compras. Bruno Covas - Hoje, além dos empregos da indústria, queremos saber a matriz energética, como os resíduos são tratados e quais os impactos ambientais. Reginaldo Sena - Não se pode impor o fim. O consumidor tem direito à sacola. A sacola biodegradável custa R$ 0,19. Por que o supermercado não banca a despesa? Galassi - O ponto é a descartável por uma reutilizável. A de R$ 0,19 é um paliativo em um momento transitório. Como defender uma sacola plástica descartável que leva cem anos para se decompor? Bahiense - Não é descartável. As pessoas a reutilizam, principalmente para embalar lixo. Não existem usinas de compostagem no país, para onde a sacola biodegradável de R$ 0,19 deveria ir para evitar emissões de CO₂ e metano. Quais são os desafios da gestão pública em termos de coleta seletiva e compostagem? Covas - A atribuição da coleta é do município. Só 10% do lixo é reciclado na cidade de São Paulo. O desafio da indústria de reciclagem é alcançar equilíbrio financeiro. Estamos discutindo a criação de mecanismos de incentivo. Bahiense - Algo vai entrar no lugar para transportar o lixo da calçada para a coleta ou ao aterro. Vai ser o saco de lixo vendido em supermercado. As pessoas gastarão mais. Covas - O saco de lixo é mais apropriado, tem período de degradação menor. Bahiense - É propaganda enganosa. O saco de lixo usa o mesmo material, derivado do petróleo, saco plástico. Galassi - O consumidor pagará pelo saco, o aproveitamento tende a ser bem maior. Sena - Supermercados ganham dinheiro com a venda de sacolas retornáveis. A adesão a esta política não obriga o consumidor a aceitá-la. Folha - Quanto os supermercados economizarão? Galassi - Toda a cadeia tem economia. Em São Paulo, será de R$ 200 milhões ao ano, pois 6,6 bilhões de sacolas deixarão de ser produzidas. A sacola de R$ 0,19 será revendida sem nenhuma rentabilidade, com margem zero. Bahiense - A sacola convencional tem custo de R$ 0,04 e a de amido, custará R$ 0,19 nas prateleiras. O negócio do supermercado é vender. Não importa se é sacola ou iogurte. Não existe essa de repassar a preço de custo. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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