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Análise Poupança precisa ser redirecionada para mais crédito à infraestrutura JULIO GOMES DE ALMEIDAESPECIAL PARA A FOLHA O desenvolvimento da infraestrutura, da indústria de base e da agricultura brasileiras teria contornos distintos na ausência de uma instituição como o BNDES. O caso brasileiro não é único no mundo. Nos EUA e na Alemanha, fundos públicos e agências de fomento desempenham papéis no apoio a empresas de menor porte, no desenvolvimento tecnológico e na internacionalização de empresas. Nos países asiáticos, em particular na China, os bancos públicos ancoram investimentos na infraestrutura. O que caracteriza a atuação do BNDES, não é, portanto, o ineditismo, mas sim o fato de que, ao contrário do que ocorre em outros países, aqui as alternativas praticamente inexistem. Temos um mercado de crédito de longo prazo atrofiado e um mercado de capitais cuja operação é cara e tem pequena dimensão. Segundo algumas análises, as empresas apreciam essas limitações, que levam ao superdimensionamento do BNDES, mas isso não é verdadeiro. Nossas empresas resistem a recorrer ao mercado temendo compartilhar informações estratégicas, mas outros fatores são mais decisivos como limitadores. O principal deles é o conforto que têm os detentores de uma volumosa riqueza acumulada no país. No Brasil, mesmo aplicações curtas em títulos públicos desfrutam de liquidez e alta rentabilidade, ingredientes que levam ao bloqueio absoluto da destinação daquela riqueza para o financiamento do desenvolvimento. Não falta poupança para que prosperem alternativas à altura do BNDES. Uma verdadeira reforma financeira começa com a redução da taxa básica de juros. Essa reforma seria potencializada se o crédito de longo prazo e os recursos dirigidos ao mercado de capitais forem incentivados tanto quanto aplicações que combinam rentabilidade e liquidez forem punidas por mecanismos como a tributação. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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