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Análise

Ainda dá tempo de Zuckerberg cancelar o pedido para o lançamento de ações

JOHN GAPPER
DO “FINANCIAL TIMES”

Finalmente o Facebook se inscreveu para sua oferta pública inicial de ações. Depois de ler o prospecto, com seus detalhes de como a empresa de rede social é rentável e rica em caixa, posso sugerir que cancele tudo?

Ainda há tempo para desistir do IPO, e a inscrição fornece muitos motivos por que deveria fazê-lo e por que Mark Zuckerberg, seu fundador e principal executivo, provavelmente ficaria mais feliz se o fizesse. Ele poderia continuar dirigindo o Facebook como uma empresa privada e não precisaria justificar-se para pessoas de fora.

O Facebook está longe da média das novatas do Vale do Silício, que têm muito crescimento e pouca receita. Na verdade, está se transformando em uma verdadeira máquina de dinheiro.

Mas quais são os planos para os US$ 5 bilhões que poderá levantar no IPO? Ele quer colocar o dinheiro em títulos do governo americano e contas de poupança e talvez usar um pouco para pagar o imposto devido para converter em ações as "unidades de ações restritas" que deu para os 3.200 funcionários.

Isso está certo. O único objetivo palpável para o que obtiver com o IPO é cumprir obrigação fiscal que será desencadeada ao abrir o capital.

Enquanto isso, Zuckerberg não quer ceder nada do poder que ele exerceu sobre a empresa nos últimos sete anos ao conceder direitos de voto aos acionistas comuns.

Além de ter 28% de ações privilegiadas, Zuckerberg exerce controle velado de outros 30% das ações com voto.

Já que ela não precisa de capital e não quer acionistas para atrapalhar seu fundador autocrático, por que o IPO? Além de cumprir os regulamentos dos EUA para uma empresa privada entrar na Bolsa quando ganha mais de 500 investidores, o motivo do Facebook é claro: gratificar seus investidores de risco e funcionários.

Em termos de lógica do Vale do Silício, faz sentido. O retorno de vencedoras ocasionais como o Facebook compensa os prejuízos dos capitalistas de risco em milhares de outras novatas.

Como Zuckerberg considera os acionistas uma inconveniência necessária, deveria estudar a Cargill, empresa de commodities que "ajuda os clientes a ter êxito via colaboração e inovação". Fundada em 1865, ela ainda não fez um IPO.

Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES

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