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Crítica Serviços

Índia atrai 'cérebros perdidos' para virar potência tecnológica

Livro mostra como país tenta transformar sucesso em serviços em inovação

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Onde estão os Googles, iPods e Viagras indianos?

Assim começa "India Inside" (Harvard Business Press Books), que explica por que "cerébros indianos" radicados nos EUA e na Europa estão nas mais prestigiadas universidades e laboratórios, enquanto o país segue na lanterna da inovação mundial.

Ainda visto como celeiro de mão de obra barata, vítima de um sistema educacional falho, a Índia se tornou uma potência na prestação de serviço de "back office" (call center, softwares e contabilidade) para empresas do mundo todo.

Esses serviços, que eram básicos, tiveram inovação tecnológica a tal ponto que os call centers indianos são capazes hoje de prever a demanda do cliente e os sites de comércio eletrônico têm inteligência para interpretar o comportamento dele, deduzir o momento em que desiste da compra e intervir para fechar negócio.

Diante do que chama de "sucesso invisível" nos serviços, o país reivindica uma posição de destaque na tecnologia mundial, ao lado da vizinha China, em contraposição ao papel coadjuvante de "back office" global.

O livro mostra que, para isso, a Índia desenvolve programas para trazer de volta "cérebros" como os que criaram a Sun Microsystems e o Hotmail ou inventaram tecnologias como Ethernet, fibra ótica e chip Pentium.

Enquanto os EUA formam 70 mil engenheiros por ano, a Índia produz 350 mil desses profissionais. São gerados 650 mil pós-graduados, sendo 1.500 Ph.D. em ciências biológicas e engenharia ao ano.

Há 750 centros de pesquisa e desenvolvimento, que empregam 400 mil. A maioria é de de multinacionais como GE, Unilever, Nokia, Google e Microsoft.

A principal vantagem é o que eles chamam de banco de talentos: acesso a pesquisadores de primeira linha pagando salários de uma fração dos EUA e Europa.

Agora, a Índia forma um mercado consumidor com o crescimento econômico acima de 10% ao ano (vai passar a China em ritmo de expansão) pelos próximos 25 anos.

Entre os problemas apontados para o país se tornar uma potência tecnológica estão a falta de gerentes para projetos globais de novos produtos. Para os indianos, ainda é mais fácil competir em custo do que em negócios de alto risco e retorno.

A Índia também não tem "insight" do relacionamento final com os consumidores, uma vez que presta serviço para outras empresas. Além disso, falta uma legislação que proteja melhor a propriedade intelectual.

Até 1990, o país tinha uma das legislações mais atrasadas do mundo no registro de patentes nas áreas de medicamentos e agricultura, o que que dificultava a entrada de farmacêuticas globais.

Por outro lado, essa política possibilitou o desenvolvimento de uma das maiores indústrias do mundo de genéricos -cerca de 20% da produção mundial de genéricos vem da Índia.

INDIA INSIDE

AUTOR Nirmalya Kumar e Phanish Puranam

EDITORA Harvard Business Review Press

QUANTO US$ 25,95 (192 págs.)

AVALIAÇÃO Bom

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