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Dólar reduz lucro da Petrobras em 2011

Sob efeito do câmbio, que elevou dívida e gastos com importações, ganho da estatal recua 5%, para R$ 33,3 bi

No 4º trimestre, queda foi de 52%; produção e preços maiores não compensaram variação da moeda americana

PEDRO SOARES
DO RIO

Com um pequeno crescimento na produção de petróleo e uma alta explosiva de custos diante do alta do câmbio, a Petrobras viu seu lucro minguar em 2011.

O resultado de R$ 33,3 bilhões no ano passado corresponde a uma queda de 5% na comparação com o recorde de R$ 35,1 bilhões de 2010.

O lucro líquido somou R$ 5,049 bilhões no quarto trimestre, queda 20% em relação ao trimestre anterior.

O desempenho frustrou as expectativas do mercado, cujas previsões oscilavam entre uma estabilidade e um modesta redução. Ante o quarto trimestre de 2010, a retração foi ainda maior: 52,3%.

O câmbio ao longo do ano afetou de forma direta e indireta o resultado da empresa.

De um lado, a valorização do real ampliou o endividamento contraído por subsidiárias e controladas da companhia no exterior. De outro, elevou as despesas com importações, encarecidas pela valorização do dólar.

A alta das importações causou prejuízo de R$ 9,95 bilhões -alta de 367% ante 2010- para a área de abastecimento da estatal, que pagou mais pelo óleo processado nas refinarias.

Em volume, as importações de combustíveis subiram 29% em 2011 por conta do aumento do consumo no país, principalmente de diesel e gasolina -mais vantajosa do que o álcool.

Ao longo do ano passado, a estatal acumulou deficit líquido de 97 mil barris/dia de petróleo e derivados.

Segundo a Petrobras, a produção de petróleo cresceu 2% em 2011. Mas tanto preços maiores como produção ascendente de óleo não compensaram os impactos negativos do câmbio.

Ainda assim, o faturamento atingiu R$ 244,2 bilhões em 2011, alta de 15% ante 2010. Nesse caso, tanto preço como produção maiores alavancaram a receita. Em 2011, o Ebitda (lucro antes de impostos, amortizações e depreciações) da Petrobras somou R$ 62,2 bilhões, alta de 5% em relação a 2010.

SURPRESA

O resultado surpreendeu analistas. "Nem o aumento de ritmo de produção com a entrada de novas plataformas ajudou. Imaginava um impacto cambial muito pequeno", disse Rafael Andreata, analista da corretora Planner.

Para Andreata, um ponto negativo do balanço foi a alta de custo de extração de óleo, algo que deve se repetir e talvez se intensificar neste ano. "Os custos sobem com a alta do petróleo e o aquecimento do setor, além da prospecção do pré-sal."

Pelos dados do balanço, o custo dos produtos vendidos subiu 10% no ano passado -em grande medida por conta do câmbio e da preço elevado do petróleo, que baliza as cotações de serviços e equipamentos.

Apesar disso, a estatal fechou 2011 com R$ 35,7 bilhões em caixa -ante R$ 29,4 bilhões de 2010. O endividamento da companhia, por seu turno, subiu 34% -para R$ 155,6 bilhões.

Colaborou DENISE LUNA, do Rio

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