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Embaixador chinês minimiza barreiras e quer mais diálogo

Novo representante diplomático no Brasil afirma que protecionismo não ajuda competitividade da indústria

Li Jinzhang admite problemas, mas diz que são pequenos e que relação entre os países vive 'melhor momento'

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Nove dedos bons, um dedo ruim. Com esse provérbio, o novo embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, diz que as relações bilaterais atravessam seu melhor momento, embora admita problemas.

Até há pouco vice-ministro da Chancelaria, Li, 57, vai nesta segunda-feira à reunião da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Coordenação e Cooperação), em Brasília, da qual participarão representantes da cúpula dos dois governos. Por telefone, ele falou à Folha.

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Folha - Quais são os principais temas que a China pretende levar à reunião da Cosban?

Li Jinzhang - A visita é resultado da ótima relação entre China e Brasil, que vive o melhor momento. Há confiança mútua e estreita cooperação nos assuntos internacionais.

Desde 2009, a China ocupa o lugar de maior parceiro comercial do Brasil. Cooperações nas áreas de recursos energéticos, fabricação de automóveis, agricultura e construção de infraestrutura têm mostrado tendência robusta de desenvolvimento.

Produtos chineses são alvo de barreiras comerciais brasileiras, caso dos automóveis. Como o sr. vai lidar com isso?

O comércio bilateral alcançou US$ 84,2 bilhões, com taxa de crescimento de 35% em relação a 2010, ficando o Brasil com superavit de US$ 20,6 bilhões. Com o crescimento, é normal surgirem problemas.

Mas é como comparar um dedo com os outros nove, um provérbio chinês. Nove dedos estão bons e só um dedo, não.

Os dois governos sempre se opuseram ao protecionismo e às barreiras comerciais e de investimentos, que não ajudam a elevar a competitividade da indústria nacional. Ao contrário, prejudica interesses dos consumidores.

Devemos decidir sob princípios de igualdade, benefício recíproco, cooperação, ganhos compartilhados. Temos que reforçar o diálogo.

Amigos brasileiros já experimentaram os excelentes automóveis chineses que entraram no mercado interno. Montadoras como Chery e JAC estão acelerando a construção de fábricas no Brasil.

Como a China responde à crítica de que é responsável pela desindustrialização do país?

Sexta maior economia do mundo, o Brasil tem uma produção industrial abrangente, de base sólida. Setores, como de aviões, têm tecnologia avançada e competitividade.

A China não tem capacidade nem quer deixar o Brasil desindustrializado. Não há vontade disso. Ao contrário. Parte dos produtos chineses importados pelo Brasil satisfaz necessidades da produção industrial brasileira, elevando a competitividade.

Como explicar a exportação brasileira à China praticamente se limitar a commodities?

É reflexo de sua estrutura econômica. O Brasil goza de um território vasto, de recursos naturais, um grande exportador de commodities.

Isso apoia o desenvolvimento econômico da China e contribui à estabilidade brasileira. Uma escolha mútua de complementaridade. Esperamos que as empresas brasileiras estudem profundamente o mercado chinês, os costumes e exportem mais produtos manufaturados.

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