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Análise Agricultura

Safra menor sustenta os preços da soja

FERNANDO MURARO JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

COM A SECA NO SUL, É QUASE CERTO QUE A SAFRA BRASILEIRA SERÁ INFERIOR A 70 MI DE TONELADAS

Nesta safra 2011/12 comemora-se o décimo aniversário da América do Sul como maior produtora de soja do mundo, à frente dos EUA.

A expectativa é que a produção sul-americana, cuja colheita está começando, fique em torno de 125 milhões de toneladas, ante 136 milhões no ano passado.

Essa perda de 11 milhões de toneladas deveu-se à estiagem, que ainda ronda os principais países produtores. Nos EUA, que tiveram redução de área plantada e alguns problemas climáticos, a produção ficou em 83,2 milhões de toneladas, ante 90,6 milhões no ciclo anterior.

Com isso, a produção mundial de 2011/12, que era estimada em 263 milhões de toneladas (muito semelhante aos excepcionais 264 milhões de 2010/11), deve ficar abaixo de 250 milhões.

No Brasil, o plantio começou, no fim de setembro, com expectativa de 75 milhões de toneladas. Agora, depois da seca no Sul do país, é quase certo que a colheita seja inferior a 70 milhões, embora o cauteloso (ou otimista) Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) acredite em 72 milhões.

A previsão de produção na Argentina, também castigada pela falta de chuvas e pelas altas temperaturas em dezembro e no início de janeiro, foi reduzida de 52 milhões para 48 milhões de toneladas.

As perdas só não são maiores porque o cinturão produtor de grãos do país recebeu boas chuvas nos últimos 30 dias, que beneficiaram as áreas plantadas mais tarde.

No Paraguai, os rendimentos obtidos à medida que a colheita avança apontam para uma safra inferior a 5 milhões de toneladas, bem abaixo dos 8,3 milhões de 2011.

No Uruguai, onde a área plantada não parou de crescer nos últimos anos, a expectativa é de safra de 1,7 milhão de toneladas, com quebra devido à seca pelo segundo ano consecutivo.

No caso brasileiro, a safra continua caminhando ao revés de 2010/11. No ano passado, em Mato Grosso ou no Rio Grande do Sul, os relatos de produtividade tinham incremento talhão a talhão, com baixa incidência de ferrugem asiática no primeiro Estado e chuvas bem distribuídas durante a fase de enchimento de grãos no segundo.

Agora, a ferrugem é o principal motivo para rendimentos inferiores em Mato Grosso, que teve um janeiro extremamente chuvoso. Ainda assim, a expectativa é de boa safra por lá.

Já no Sul do país, a escassez de chuvas e as altas temperaturas fazem as previsões de safra sofrerem ajuste para baixo todos os meses. Esse cenário também é válido para Mato Grosso do Sul e Paraguai.

Por conta da redução nas estimativas de safra da América do Sul, a soja negociada na Bolsa de Chicago voltou a registrar preços acima de US$ 12,60 por bushel (27,2 kg) nos últimos dias, atingindo seu melhor nível em 2012.

FERNANDO MURARO JR. é engenheiro-agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas.

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