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Análise Usinas Atômicas

Desconfiança sobre a energia nuclear abre espaço para novas fontes alternativas

THAÍS MARZOLA ZARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) aprovou os testes de estresse conduzidos pela Agência de Segurança Industrial e Nuclear japonesa nos reatores nucleares daquele país, tendo sido favorável ao religamento das usinas e estendendo o prazo de funcionamento destas -de 40 para 60 anos.

Apesar disso e da importância econômica das usinas para o abastecimento de energia do país (sem essa fonte é bem provável que o Japão enfrente apagões neste verão), a população ainda está vendo com bastante desconfiança e preocupação o religamento das usinas nucleares, o que levou até mesmo a manifestações populares, raras naquele país.

A confiança nesse tipo de energia foi mesmo abalada, abrindo espaço para outras fontes de energia alternativas, especialmente nos países desenvolvidos, onde é maior a importância da energia nuclear.

No Brasil, segue em frente a licitação para a construção de Angra 3, que, segundo a Eletronuclear, provavelmente entrará em funcionamento a partir de 2016.

Todavia, a participação desse tipo de energia na matriz energética brasileira também não deve se tornar relevante.

Segundo o secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia, entre 2010 e 2020 deve haver ganho relativo na matriz energética brasileira dos derivados energéticos de cana (de 17,7% para 21,8%) e do gás natural (de 10,3% para 14,4%), enquanto os derivados de petróleo (de 37,8% para 30,4%), a hidroeletricidade (de 14,4% para 12,5%) e o carvão vegetal (de 9,5% para 8,3%) devem recuar.

Dadas as resistências à energia nuclear trazidas pelo acidente em Fukushima, a tendência mundial deve ser bem semelhante, com mais ênfase na participação relativa de gás natural do que de derivados da cana.

Ainda assim, abre-se uma porta interessante para o Brasil como exportador de energia, tanto no que tange aos derivados de cana quanto ao gás natural.

Quanto aos primeiros, as dificuldades estruturais por que passa o setor são conhecidas e precisam ser sanadas para que seu potencial possa ser explorado.

Quanto ao segundo, embora a atual escassez da matéria-prima no Brasil e seus altos custos não sejam animadores (assim como no caso da cana-de-açúcar, há gargalos que precisam ser resolvidos), as recentes descobertas -ainda não comprovadas- de uma reserva volumosa de gás em Minas Gerais trazem esperança para o setor.

THAÍS MARZOLA ZARA é economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP.

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