Índice geral Mercado
Mercado
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Commodities

Novos produtos da cana atraem empresas

Gigantes do agronegócio investem em projetos para, a partir da matéria-prima, fabricar óleos, tintas e aditivos

Expansão da área de cultivo é necessária para não comprometer fornecimento de açúcar e etanol, diz analista

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

Os canaviais brasileiros estão despertando o interesse de gigantes do agronegócio, em busca da matéria-prima para fazer novos produtos, além do etanol e do açúcar.

Bunge, Dow Chemical e ETH Bioenergia, por exemplo, querem a cana-de-açúcar para fabricar óleos para as indústrias química, petroquímica, de cosméticos, alimentos e biopolímeros.

Segundo as empresas, esses produtos são mais rentáveis do que açúcar e álcool.

O investimento em novos produtos permitiria às usinas equilibrar custos de operação na queda do preço do etanol, diz Walfredo Linhares, gerente da Solazyme no Brasil.

De olho nisso, a holandesa Bunge deve formar ainda neste ano uma joint venture com a norte-americana Solazyme. O objetivo é produzir anualmente cem toneladas de óleo a partir da cana.

Com investimentos em torno de R$ 200 milhões, a usina deve entrar em operação no ano que vem -uma das unidades da Bunge cotadas para isso é a de Orindiúva, a 524 km de São Paulo.

"[Com a nova tecnologia] Você vende um produto que tem maior valor agregado a partir da mesma matéria-prima", afirma Linhares.

A norte-americana Dow Chemical desenvolve no Brasil projeto em cana para fazer ácidos orgânicos, tintas e aditivos a partir do açúcar.

"O açúcar é uma matéria-prima com custo atrativo no Brasil. Por isso, o investimento é muito viável", diz John Biggs, líder em P&D (pesquisa e desenvolvimento) da Dow para a América Latina.

Já a ETH pretende aplicar R$ 250 milhões em cinco projetos de inovação -três deles para a fabricação de biopolímeros e resinas, que servem para fabricar plásticos.

Além dessas três empresas, outras 14 conseguiram financiamento no BNDES para desenvolver pesquisas e fabricar novos produtos a partir da cana-de-açúcar.

QUEBRA DA CANA

A aposta em novos produtos a partir da cana ocorre num momento em que falta a matéria-prima no país, o que vem afetando o fornecimento de açúcar e álcool.

Até fevereiro, as usinas do centro-sul processaram 13,19% abaixo da expectativa, diz a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

Por isso, a diversidade de produtos feitos da cana preocupa especialistas do setor.

Marco Fava Neves, professor da FEA/USP de Ribeirão Preto (313 km de SP), diz que, se não houver expansão da área plantada, o fornecimento será mais comprometido.

"Hoje, o investimento em inovação supera o feito em expansão de área e produtividade dos canaviais", diz.

As empresas empenhadas nos projetos dizem que não faltará cana. No caso da Solazyme, a necessidade de cana para a produção de óleo está prevista no plano de expansão da parceira Bunge. A Dow Chemical fornecerá a matéria-prima por meio de terras arrendadas.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.