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Finanças Pessoais

MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Saiba avaliar a cotação antes de investir em taxa prefixada

Conversa entre amigos: "Estão dizendo que a taxa de juros vai cair. Vamos aproveitar e comprar títulos de taxa prefixada antes que caia".

É natural que em cenário de queda dos juros o investidor procure alternativa prefixada para assegurar a taxa negociada hoje, que, em tese, será maior do que a dos próximos meses ou anos.

Entretanto, não é tão simples assim. Para ganhar dinheiro com essa estratégia, é preciso que a taxa de juros de mercado caia para níveis inferiores à taxa cotada hoje.

A LTN (Letra do Tesouro Nacional) é um título público cujo valor de resgate é prefixado em R$ 1.000, sendo negociada mediante desconto da taxa de juros prefixada que o Tesouro está disposto a pagar no dia da negociação.

Na semana passada, por exemplo, a taxa Selic (taxa das operações de financiamento de um dia no mercado interfinanceiro) estava cotada a 10,50% ao ano e o Tesouro Direto oferecia três vencimentos de LTN com três cotações distintas.

Perceba que as LTNs de prazo mais longo pagam taxa de juro maior do que as de prazo mais curto. Significa que o mercado e o próprio governo estimam que a taxa de juro deve cair, se manter estável em determinado patamar (ou não) e subir novamente.

Vamos pegar o exemplo da LTN de prazo mais curto, com vencimento para 1º de janeiro de 2014. O investidor ganhará juros de 9,79% ao ano pelo prazo de 22 meses e meio -algo em torno de 700 dias corridos. A remuneração no período será de aproximadamente 19,90%.

O investidor só saberá se fez bom negócio no vencimento da operação, em janeiro de 2014. Nessa data, conhecerá a variação da taxa Selic no mesmo período e poderá apurar seu ganho ou sua perda em relação à taxa básica da economia.

Como a taxa Selic, remuneração da LFT (Letra Financeira do Tesouro), ainda está no patamar de 10,50% ao ano, o investidor que opta pela taxa prefixada troca uma taxa de 10,50% ao ano na largada por uma taxa menor, de 9,79% ao ano.

Para compensar essa perda de oportunidade de cerca de 0,70 ponto percentual ao ano, durante algumas semanas ou meses, o investidor acredita que a taxa de juros ficará abaixo da taxa negociada por ele para que, na média, receba um montante superior a 19,90%.

Vamos supor (mera suposição) que a taxa Selic permaneça no patamar de 10,50% por um mês e meio; que caia para 10% durante três meses; nova redução para 9,75% por seis meses; outra redução para 9,25% durante seis meses; uma última redução para 9% por mais seis meses.

Chegaríamos a uma média ponderada de 9,50% ao ano, equivalente a uma remuneração acumulada de aproximadamente 19,30% no período. Esse seria um cenário vencedor para a operação de taxa prefixada que remunerou 19,90% no período.

Difícil prever o futuro, não é mesmo? E, como nem os especialistas são capazes de fazer isso sem margem de erro alguma, a diversificação é sempre uma estratégia vencedora.

Vamos recordar qual é a melhor alternativa de investimento para cada objetivo.

CURTO PRAZO

Recursos de curto prazo ou então aquela reserva financeira para emergências, que precisam de liquidez diária, estarão mais seguros em operações de taxa pós-fixada que acompanham a flutuação da taxa de mercado.

As alternativas disponíveis são poupança, LFT (Tesouro Direto), CDB DI, fundos de curto prazo e fundos DI.

MÉDIO PRAZO

Você acredita que o cenário é de queda na taxa de juros? Não está preocupado com liquidez porque já

tem uma reserva financeira? Não pretende sacar o dinheiro antes do vencimento da operação?

Se esse é o seu caso, diversifique e invista em operações de taxa prefixada. As alternativas disponíveis são LTN e NTN-F (Tesouro Direto), CDB pré e fundos de renda fixa.

LONGO PRAZO

Liquidez não é problema para você. Sua maior preocupação é a inflação e você quer proteger seu capital contra esse risco. Tem reserva financeira para situações de emergência ou oportunidades no curto prazo.

As alternativas são NTN-B e NTN-B Principal, que pagam a variação do IPCA além da taxa de juros do cupom negociado; fundos de renda fixa com estratégia de investimento em títulos corrigidos pela inflação; PGBL e VGBL de preferência com carteira que tenha, entre outros ativos, títulos corrigidos pelo IPCA ou pelo IGP-M.

Fique sempre de olho nos custos! Todas as taxas citadas são nominais e brutas. Não consideramos incidência de tributos nem custos de transação.

Qualquer descuido nesse quesito pode jogar por água abaixo uma estratégia brilhante.

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

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