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Minha História - Pj Pereira, 39

Mad Man do futuro

Publicitário brasileiro que faz carreira em San Francisco (Costa Oeste dos EUA) une indústrias de 'mundos distintos' com a propaganda digital

Divulgação
O publicitário PJ Pereira
O publicitário PJ Pereira

FERNANDA MENA
EDITORA DA “ILUSTRADA”

RESUMO Flamenguista e mangueirense, o publicitário Paulo Jorge Pereira, 39, se mudou para os Estados Unidos em busca de voos mais altos. Cofundador da Agência Click, em 1999, pioneira na propaganda digital no Brasil, PJ (pronuncia-se pidjei) é hoje presidente-executivo da agência Pereira & O'Dell, que pertence ao Grupo ABC. Entre seus clientes, marcas como Lego, Intel e Corona.

As pessoas que vêm trabalhar nos EUA costumam dizer que é fácil se adaptar ao país e ao mercado de propaganda americano. Mas, para mim, foi bem difícil.

Em 2005, mudei para San Francisco para trabalhar como diretor-executivo de criação da AKQA, uma das agências digitais mais criativas do mundo. Na época, a AKQA contratou de uma só vez três dos cinco publicitários mais premiados do mundo.

Eu era um deles. E topei mudar mesmo ganhando menos da metade do que eu ganhava no Brasil.

A agência me ofereceu o cargo em qualquer um de seus escritórios -Nova York, San Francisco, Londres, Xangai ou Cingapura. Escolhi a Califórnia, planejando passar dois anos em cada uma das filiais dali em diante.

Nos seis primeiros meses, tinha dor de cabeça todos os dias de tanto prestar atenção no que as pessoas falavam. Antes, tinha feito todos os cursos de inglês que pude. O que era ótimo para uma visita era insuficiente para o dia a dia de trabalho.

Depois percebi diferenças mais profundas. No mercado americano, as coisas são menos explicadas. Para vender uma ideia no Brasil, você precisa de páginas de justificativas. Aqui, um resumo do que você descobriu e onde se inspirou é o suficiente.

O processo de decisão das campanhas é mais curto nos EUA. Eu apresento as ideias diretamente para quem as aprova. Vou ao diretor de marketing, ao sujeito que cuida do mundo todo. O diálogo é mais intuitivo. Em 15 minutos, tudo está resolvido.

A maior de todas as adaptações nos EUA foi a de alcance do meu trabalho. Quando me mudei do Rio, onde nasci, para São Paulo, meus horizontes se expandiram para o Brasil todo. Mudar para os EUA me abriu a chance de trabalhar com o mundo inteiro.

Minha relação com internet vem de muito tempo. Em 1989, comecei a trabalhar na empresa do meu tio, com sistemas de hipertexto, que viria a ser a base da internet anos depois.

Foi por conta da minha relação com a internet que consegui meu primeiro emprego e meu casamento.

Em 1997, enviei meu currículo para as únicas agências que tinham site. Eram apenas quatro. A DM9 me contratou.

Naquele ano, o Nizan [Guanaes] foi um dos entrevistados do "Roda Viva". Questionado pelo Matinas Suzuki [Jr.], que representava a Folha, ele disse que a web era como a Malu Mader com 16 anos: todo mundo sabia que seria linda, mas ela era ainda uma menina. Falou ainda que tinha contratado um cara chamado PJ para tocar projetos de internet na DM9.

Minha mulher trabalhava numa produtora, viu o programa na TV e ligou na DM9 para marcar um café comigo. Quando entrei na sala, cabeludo, largado, ela achou que eu era o assistente do tal PJ.

Fiquei de quatro por ela e disfarcei: trabalharíamos juntos, não dava. Mas, quando ela deixou a tal produtora, a chamei para sair. Estamos juntos até hoje.

Em 1999, o Nizan propôs criar uma agência voltada para o digital, que fundei com o pessoal da Midialog. Chamava-se Click e foi pioneira.

Quatro anos depois, não sabia o que fazer. A Click era a maior agência digital do país, a mais premiada e com os maiores clientes. A solução era migrar para um mercado com teto mais alto: os EUA.

Na AKQA de San Francisco conheci Andrew O'Dell, de quem, no início, não gostei nem um pouco. Achava que ele era o maior mauricinho. Mas, quando trabalhamos juntos, tudo deu tão certo que em 2008 viramos sócios de uma nova agência, a Pereira & O'Dell (POD). Hoje, a POD faz parte do Grupo ABC.

Juntos, nós criamos "The Inside Experience", um projeto para a Intel e Toshiba, que reunia publicidade em formato de longa-metragem, com divulgação interativa nas redes sociais.

O projeto teve mais de 35 milhões de views no YouTube e uniu três mundos: Madison Avenue (propaganda), Hollywood (cinema) e Silicon Valley (tecnologia).

São três indústrias fortes que vêm se apropriando de aspectos uma da outra. Isso é uma das coisas mais importantes que acontecem hoje. Fomos a primeira agência que encontrou uma esquina entre esses três lugares.

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