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Dívidas em atraso freiam ritmo de expansão do crédito

Em reação ao aumento no calote, bancos cobram mais pelo empréstimo; taxa para novas concessões vai a 86% ao ano

Percentual de atrasos acima de 90 dias nas prestações atinge maior nível desde dezembro de 2009, segundo o BC

Ênio Cesar/Folhapress
Rodrigo Aparecido de Araújo, que ficou inadimplente
Rodrigo Aparecido de Araújo, que ficou inadimplente

DE SÃO PAULO

A escalada da inadimplência nos últimos meses indica limites para a continuação da expansão do crédito­ -importante motor do crescimento do país em anos recentes.

"Os dados de inadimplência confirmam que a dinâmica recente do crédito não é sustentável indefinidamente", diz Roberto Luis Troster, ex-economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).

Dados do Banco Central mostram que o percentual de atrasos acima de 90 dias nas prestações de empréstimos a pessoas físicas atingiu 7,6% do total em janeiro, maior nível desde dezembro de 2009.

No caso das empresas, a taxa de inadimplência caiu para 3,7% em janeiro, mas, segundo analistas, permanece em patamar alto.

Em reação ao crescimento da inadimplência, além de aumentar provisões contra calotes, os bancos passaram a cobrar mais pelo crédito.

Na contramão da queda da taxa Selic, os juros dos financiamentos voltaram a subir em janeiro, atingindo, em média, 28,7% para empresas e 45,1% para pessoas físicas.

Se consideradas apenas as novas concessões de crédito, os juros são ainda mais altos: 86% ao ano em média no caso das pessoas físicas, segundo cálculos de Troster.

O resultado da maior cautela dos bancos tem sido uma desaceleração nas concessões de novos empréstimos.

Analistas acreditam que, com a queda da Selic e uma recuperação da atividade econômica nos próximos meses, a inadimplência tende a recuar no segundo semestre.

Com isso, a expansão do crédito deve retomar fôlego, mas a um ritmo menor, mais próximo de 15% ao ano, ante cerca de 20% em 2011.

Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, esse é um dos fatores que contribuirão para um crescimento da economia mais moderado nos próximos anos.

DEPENDÊNCIA

Segundo Michael Shaoul, presidente da Marketfield Asset Management, "a atividade econômica do Brasil se tornou muito dependente da criação de crédito".

Shaoul, que esteve no Brasil recentemente, aposta em queda no ritmo de expansão do crédito no país por um período mais prolongado por conta de uma redução nos fluxos de recursos externos para países emergentes:

"Como parte da geração de crédito no Brasil tem sido sustentada por recursos de fora, a tendência é que ocorra um aperto mais prolongado".

(ÉRICA FRAGA)

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