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Commodities

Cobrança do governo afeta ações da Vale

Mercado reage à notícia de que a empresa oferecerá R$ 1,6 bilhão como garantia em processo sobre dívida tributária

Papéis da mineradora perdem 4%; companhia afirma que essa é uma etapa necessária para a discussão judicial

DENISE LUNA
DO RIO

As ações da Vale despencaram ontem na Bovespa, reflexo da notícia de que a mineradora vai oferecer garantias para continuar discutindo uma dívida com o governo sobre Imposto de Renda.

A informação contraria indicações da própria empresa de que essa cobrança não tinha fundamento. Papéis preferenciais da companhia fecharam ontem em queda de 4,45% e ordinários (com direito a voto) perderam 4,84% -o Ibovespa cedeu 2,76%.

Na noite de segunda-feira, a Vale anunciou que ofereceria bens no valor de R$ 1,6 bilhão como garantia judicial para uma cobrança da Receita Federal, referente ao Imposto de Renda sobre o lucro de empresas controladas e coligadas no exterior.

Ontem, em comunicado ao mercado, a Vale alegou que a apresentação da garantia é uma etapa necessária para a discussão do débito tributário na esfera judicial.

"A Vale não avalia como provável a perda dos processos que discutem essa matéria e por isso não constituiu provisão em suas demonstrações financeiras", informou a companhia, reafirmando a sua posição anterior.

A informação sobre a garantia chega em um momento desfavorável para a companhia, que também discute com o governo o pagamento de R$ 4,6 bilhões em royalties atrasados, e em meio ao anúncio de meta de crescimento menor da China, o seu principal cliente.

As ações da Vale estiveram entre as principais responsáveis pela queda de 2,76% da Bolsa de São Paulo, em meio a preocupações sobre a economia global e a reestruturação da dívida da Grécia.

Também influenciadas pelo cenário macro, as commodities em geral recuaram.

O petróleo caiu 1,89% em Nova York (US$ 104,70), contribuindo para baixa de 3,4% das ações preferenciais da Petrobras. Em Londres, o barril recuou 1,47% (US$ 121,98).

SAÍDA DA GUINÉ

Somado a esses fatores, a Vale também poderá abandonar o projeto africano em Simandou, Guiné, igualmente por discussões sobre royalties com o governo local.

A empresa foi cobrada recentemente pelo governo da Suíça a pagar impostos atrasados referentes a cinco anos. "Uma nuvem está em cima da Vale", diz o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora.

Em 2011, a entrada de Murilo Ferreira no comando da empresa em substituição a Roger Agnelli já havia sido vista pelo mercado como sinal de que pendências com o governo seriam resolvidas, mas a Vale sempre sustentou que a questão do Imposto de Renda não era procedente.

Galdi concorda com a leitura de que o imposto seria uma bitributação e confia na vitória da Vale no processo.

Já o pagamento de royalties, conta em torno de R$ 4,6 bilhões, não terá escapatória, na visão do analista. "Mas o que acho mais perigoso é o projeto Simandou", diz o especialista, que vê na reserva africana o último grande depósito de minério de ferro disponível do mundo.

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