Índice geral Mercado
Mercado
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Fundos apostam em 'novo Pão de Açúcar'

Investidores globais viram disputa societária entre Casino e Abilio Diniz como oportunidade de ganhar dinheiro

Fundo investigado por fraude na compra da GVT pela Vivendi está entre os investidores do Pão de Açúcar

JULIO WIZIACK
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

A disputa no comando do Pão de Açúcar, intensificada no ano passado com a tentativa frustrada de fusão com a unidade brasileira do Carrefour, abriu uma oportunidade para investidores estrangeiros ganharem dinheiro.

Fundos estrangeiros de perfil agressivo e investidores globais passaram a comprar ações preferenciais (sem voto) do Grupo Pão de Açúcar apostando em um desfecho favorável à empresa e aos acionistas com o fim da crise.

No domingo, a Folha revelou que o Casino planeja dar início a uma reestruturação na América Latina, reunindo em uma só empresa as subsidiárias da Argentina, do Uruguai, da Colômbia e do Brasil (Grupo Pão de Açúcar).

O passo inicial prevê a conversão de ações preferenciais (sem direito a voto) do Pão de Açúcar em ações ordinárias (com voto).

A mudança seria tomada após 22 de junho deste ano, quando Abilio Diniz irá transferir uma ação ordinária ao Casino, que ficará com o comando. Na prática, a reestruturação põe fim ao acordo assinado entre Abilio e o grupo francês, que já espera a saída do executivo brasileiro.

Desde o fim de maio de 2011, as ações preferenciais do Pão de Açúcar tiveram uma valorização de 35,52% -saltaram de R$ 62,13 para R$ 84,20. Só neste ano, subiram 25,7%. Ontem, os papéis terminaram a R$ 84,20, com baixa de 2,7%.

O próprio Casino já tinha dado sinais ao mercado de sua confiança no desfecho da crise, quando comprou US$ 363 milhões em ações preferenciais do Pão de Açúcar em junho de 2011.

O grupo francês foi elevando sucessivamente sua participação acionária e hoje esbarra na obrigação de manter ao menos 30% das ações pulverizadas no mercado. Circulam no mercado atualmente 39% das ações e cada um dos sócios tem cerca de 20% de ações preferenciais.

FUNDOS

A diferença está nas mãos de investidores estrangeiros que adquiriram lotes inferiores a 5% do total das ações da companhia no mercado. Por isso, essas transações não precisaram ser comunicadas.

Segundo a Bloomberg, entre os 17 fundos que mais têm ações do Pão de Açúcar, 8 não tinham papéis da rede varejista até junho.

Um dos fundos que mais compraram ações do Pão de Açúcar é o inglês Tyrus, que costuma se posicionar em empresas com disputas societárias ou de setores que terão mudança regulatória.

O Tyrus já é o segundo maior fundo com ações preferenciais do Pão de Açúcar, com 6,5 milhões de papéis adquiridos entre agosto e dezembro de 2011 (4% do total).

Também chamam a atenção o francês Carmignac Gestion, que comprou 1,90% em setembro de 2011, e os ingleses Henderson Group (0,85% adquirido entre setembro e dezembro de 2011) e Gartmore Investment (0,74% comprado no final do ano passado).

Não é a primeira vez que o Tyrus opera com empresas no brasileiras. Em 2009, ele foi investigado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por operar em nome da francesa Vivendi, que adquiriu o controle da operadora de telefonia GVT, comprando ações no mercado.

Na ocasião, o Tyrus adquiriu menos de 5% das ações da GVT, mas tinha opções de compra de ações garantidas à Vivendi que somavam 19,6%. Outros fundos também operaram para a Vivendi, que, em novembro de 2009, anunciou a compra da GVT, pondo fim à disputa que travava com a Telefônica.

Os espanhóis pretendiam comprar a GVT em leilão na Bolsa. Para evitar um julgamento, a Vivendi fez acordo com a CVM e pagou R$ 150 milhões. A Telefônica move ação por danos sofridos.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.