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Análise Pecuária

País precisa de regras claras no comércio de material genético

PAULO DE CASTRO MARQUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os produtores estão sempre debatendo sobre a competitividade da pecuária nacional diante do mercado internacional, bem como analisando as previsões da FAO, cuja projeção para 2050, em relação a 2000, aponta para população 33% maior, consumo de alimentos em geral 70% maior, com aumento de 74% na demanda de carnes.

O Brasil é protagonista nesse contexto, já que atribui à agropecuária papel fundamental diante das perspectivas de maior necessidade mundial por alimentos.

Na mesma linha, a pecuária brasileira avança significativamente, com elevado profissionalismo dos produtores e busca contínua por tecnologia e inovação.

O mercado de inseminação artificial, por exemplo, cresceu mais de 20% no ano passado, motivado pelo interesse cada vez maior das pequenas e médias propriedades por melhoramento genético.

Apesar da redução dos preços da arroba do boi no início do ano, o cenário permanece positivo. Soma-se a isso a manutenção das compras pelo mercado mundial, que reconhece a carne brasileira como produto diferenciado.

Mas, para que esse quadro continue promissor, é fundamental a manutenção da expansão da produtividade dos rebanhos, que tem no melhoramento genético sua principal base.

Assim, de pouco adianta a busca e o investimento constante em tecnologia e genética se não houver regras claras e bem definidas para os processos de importação e de exportação de genética, que envolve o mercado de sêmen, embriões e gado vivo, e impacta diretamente nos resultados da pecuária nacional. O processo deve ser benéfico para ambos os lados.

Afinal, o Brasil precisa de qualidade genética para continuar crescendo e melhorando os níveis de produtividade. Sem isso, sacrifica sua competitividade.

Não é difícil encontrar casos de importação de lotes de sêmen de qualidade inferior ao produzido pelo país, o que inicialmente traz retorno financeiro aos envolvidos, mas a médio e longo prazos é um tiro no pé de toda a pecuária.

O Brasil não chegou a líder nas exportações de carne bovina e à segunda posição na produção mundial por acaso. Esse desempenho resulta de incansáveis anos de investimento em genética.

Cabe, novamente, a toda a cadeia produtiva da pecuária agir de forma comprometida a conquistar esse equilíbrio na comercialização internacional de material genético.

Não se pode deixar as portas abertas para a entrada de material genético de baixa qualidade. Temos de proteger nossas fronteiras. E todos, especialmente as autoridades, precisam estar atentos a essas distorções.

PAULO DE CASTRO MARQUES, empresário e pecuarista, é proprietário da Casa Branca Agropastoril, especializada na criação de gado angus, brahman e simental sul-africano, e presidente da Associação Brasileira de Angus.

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