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Rodolfo Landim

Um belo exemplo

Educação continuada precisa ser encarada como prioridade nacional e ser disseminada por todos

A HISTÓRIA tem mostrado que as sociedades mais avançadas são aquelas que se preocuparam com a educação de seus povos. Exemplos não faltam de países que optaram por essa política de resultado de longo prazo e dela se beneficiam. Existem também outros, dos que ignoraram tal política e amargam a dura realidade do subdesenvolvimento e da dependência externa.

No mundo de hoje, não somente os países procuram investir na educação da população. As empresas também buscam qualificar seus profissionais, preparando-os para um mundo cada vez mais competitivo.

Até o século passado, uma transformação poderia levar décadas para acontecer. Agora, as mudanças são rápidas e, às vezes, pegam empresas e sociedades despreparadas.

Frequentemente assistimos à veloz derrocada de verdadeiros impérios empresariais outrora aparentemente indestrutíveis e eternamente hegemônicos. E essas histórias estão, na maioria das vezes, ligadas à obsolescência de conceitos e de produtos. Por isso, a educação, o treinamento e a inovação são hoje fatores essenciais para o sucesso continuado de pessoas, de empresas e de nações.

Aquela que é talvez a mais bem-sucedida empresa brasileira dos últimos 50 anos é a Petrobras. E provavelmente não por coincidência ela está ligada ao melhor e mais bem-sucedido exemplo de uma política empresarial voltada para o treinamento de sua força de trabalho e de inovação tecnológica do país.

Logo após a criação da empresa, em 1954, foram contratados técnicos estrangeiros que deram continuidade aos trabalhos até então desenvolvidos pelo Conselho Nacional do Petróleo, já obedecendo a uma estrutura organizacional nos moldes das maiores empresas petrolíferas do mundo.

Naquele tempo, vários brasileiros foram enviados aos EUA e lá receberam treinamento nos diversos setores da indústria de petróleo, pois o Brasil não dispunha de cursos especializados nessas áreas de conhecimento em suas universidades.

Passada uma década da criação da Petrobras, os brasileiros tinham substituído os "gringos", e a empresa passou a ser comandada por técnicos nacionais já preparados para enfrentar o desafio de torná-la capaz de suprir o Brasil de derivados de petróleo. Alguns deles foram direcionados para a área de ensino da empresa como forma de transferir os ensinamentos recebidos para os novos empregados.

Desde então, e por décadas, a Petrobras vem mantendo cursos regulares -até criou uma universidade interna- para seus empregados e ainda continua a enviar seus profissionais para diferentes centros de ensino do mundo para que aperfeiçoem seus conhecimentos.

Além disso, a empresa mantém vários convênios com universidades brasileiras, não só visando o contínuo aprimoramento de seus profissionais como também contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento científico e para a boa formação de novos profissionais para o mercado. A empresa também criou o seu próprio centro de pesquisas que hoje é o maior e o mais bem equipado da América Latina.

O resultado dessa acertada política de recursos humanos tem sido os êxitos da empresa. Seus técnicos são respeitados mundialmente e, mesmo depois de se aposentarem, são disputados pelo mercado internacional pela sua alta qualificação profissional.

É fato que esse tipo de iniciativa não é algo fácil de reproduzir, principalmente em empresas de pequeno porte e carentes de uma estrutura formal, mas mesmo essas precisarão de bom capital humano para ter sucesso.

Uma forma de ajudar empresas a investir em sua força de trabalho seria a aprovação de leis de incentivo pelas quais elas pudessem direcionar parte dos recursos destinados ao pagamento de tributos para custear projetos educacionais e de treinamento para seus empregados, desde que aprovados pelos órgãos governamentais competentes, assim como já ocorre com os projetos incentivados na área da cultura.

A educação continuada precisa ser encarada como uma prioridade nacional. Os esforços e os sacrifícios para a sua disseminação devem partir de todos.

RODOLFO LANDIM, 54, engenheiro civil e de petróleo, é presidente da YXC Oil & Gas e sócio-diretor da Mare Investimentos. Trabalhou na Petrobras, onde, entre outras funções, foi diretor-gerente de exploração e produção e presidente da Petrobras Distribuidora. Escreve, às sextas-feiras, a cada duas semanas, nesta coluna.

AMANHÃ EM MERCADO:
Kátia Abreu

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