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Brasil precisa tomar cuidados na exploração do pré-sal

Para Segen Estefan, da Coppe/UFRJ, país tem de se preparar para enfrentar vazamentos em águas profundas

DO RIO

O diretor de tecnologia e inovação da Coppe/UFRJ, Segen Estefan, está preocupado com a falta de programas estruturados para garantir a prevenção de acidentes no setor de petróleo e, no caso de ocorrerem, de soluções eficientes para estancá-lo.

Com a perspectiva do aumento da atividade dessa indústria no Brasil, principalmente em áreas de grande risco como o pré-sal, o professor alerta para a necessidade de governo, universidades e empresas se unirem para estudar sistemas que evitem acidentes como o ocorrido no golfo do México em 2010. (DL)

Folha - O Brasil está preparado para se tornar um dos maiores produtores de petróleo do mundo do ponto de vista da segurança operacional?

Segen Estefan - Nós temos discutido muito na Coppe a questão de vazamento, que vai estar presente nas próximas décadas. À medida que se intensifica a produção de petróleo, os riscos aumentam. Não podemos trabalhar na improvisação, como se viu no golfo do México. As técnicas têm de estar testadas, os procedimentos, desenvolvidos, para poder atuar num vazamento como aquele. Hoje, não há uma técnica comprovadamente eficiente para vazamentos em águas profundas, como as do pré-sal.

Qual a proposta da Coppe para isso?

Estamos buscando com a ANP fazer um convênio para que possamos apoiar a fiscalização de forma independente das empresas de petróleo. Temos trabalhos sobre a confiabilidade de equipamentos, como minimizar a probabilidade de falhas, a detecção por satélite dos vazamentos. Queremos fazer uma ponte entre esse estudos e a ANP.

Em que pé estão as conversas?

Agora que a nova diretora-geral da ANP foi nomeada [Magda Chambriard], pretendemos aprofundar essa discussão. Ela tem perfil técnico e isso facilita o entendimento. O que queremos é desenvolver um programa conjunto de segurança, com a contribuição de outras universidades, que possa estar diretamente ligado às ações práticas da ANP.

O que a Coppe já desenvolveu em termos de prevenção?

Temos um sistema que detecta vazamentos no mar, via satélite. Temos as antenas de recepção de sinais, e podemos, por meio de imagens adquiridas de empresas que fazem esse monitoramento por satélite, detectar possíveis vazamentos com um nível de precisão muito grande. Se forem derramados dois barris de petróleo, essa técnica identifica.

O que o governo tem feito nesse sentido?

Nada estruturado. Se for feito um programa bem estruturado, com definições claras dos objetivos, dizendo quais grupos serão responsáveis pelos procedimentos, entre cinco e dez anos teríamos um aumento gradativo do nível de segurança das operações de produção de petróleo no mar.

Isso não estará no Plano Nacional de Contingência?

O plano está restrito basicamente às ações pós vazamento. Na prevenção, o mundo inteiro tem um longo caminho a percorrer, e isso tem de ser feito de forma estruturada, regulada por uma agência. Temos que buscar a excelência da proteção ambiental agora. Hoje o Brasil já está no nível dos países mais adiantados. Só que o país tem como grande desafio e oportunidade o pré-sal e precisa se preparar para isso.

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