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Desaceleração chinesa prejudica Bolsas

Valor das ações das principais mineradoras globais, entre as quais a Vale, recua com previsão de menor demanda da China

Papel da BHP cai 4,1% em Londres; Vale, que tem no país asiático seu maior cliente, puxa queda da Bolsa de SP

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A mineradora australiana BHP Billiton advertiu ontem que o apetite chinês por minério de ferro, principal produto de exportação brasileiro ao gigante asiático, está perdendo força.

"A economia chinesa está mudando. As taxas de crescimento de aço vão enfraquecer e vêm se enfraquecendo", afirmou Ian Ashby, chefe da divisão de minério de ferro da BHP, durante uma conferência do setor na Austrália.

Para ele, a demanda chinesa por minério de ferro importado "continuará crescendo de forma robusta nos próximos dez anos, embora a uma taxa baixa anual composta".

Em tom mais otimista, outra gigante do setor, a Rio Tinto, previu que a China continuará comprando a um ritmo acima da média mundial.

"Embora o crescimento do PIB na China esteja diminuindo no curto prazo, continuamos confiantes com base nos números que temos visto de um pouso suave, com um crescimento sólido para este ano", disse o executivo da mineradora Rio Tinto David Joyce, na mesma conferência.

"Até 2020, o consumo chinês de aço cru deve chegar a cerca de 1 bilhão de toneladas, pouco menos do que metade da previsão do consumo mundial e quase oito vezes o volume do segundo maior consumidor, a Índia", disse.

Os mercados parecem ter ouvido somente as declarações da BHP. Na Bolsa de Londres, as ações da empresa australiana caíram 4,1%, arrastando outras empresas do setor: 7 das 10 maiores quedas foram de mineradoras.

Na Austrália, o dólar local caiu 1,1% em relação ao americano após as declarações do representante da BHP.

A Vale, que completa o trio das maiores produtoras de minério de ferro e tem na China seu maior cliente, não falou sobre o tema ontem.

Na BM&FBovespa, as suas ações ordinárias recuaram 1,53%. As preferenciais, 0,83%. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, recuou 0,64%. Em Nova York, o Dow Jones baixou 0,52%.

O minério de ferro é o principal produto de exportação brasileiro para a China, seu maior parceiro comercial. Nos dois primeiros meses do ano, representou cerca da metade das vendas, chegando a US$ 1,9 bilhão.

SIDERÚRGICAS CHINESAS

A maioria das produtoras de aço chinesas registrou prejuízo no ano passado, segundo a associação do setor. É o pior resultado desde 2008.

A gigante estatal Baosteel, por exemplo, registrou queda de lucro de 21% no ano passado. De 16 empresas do setor listadas em Bolsas chinesas, 4 tiveram prejuízo.

Um das principais preocupações do setor é a queda de atividade no setor imobiliário, alvo de medidas restritivas do governo chinês, preocupado em conter a especulação. Por outro lado, a meta estatal para construir 36 milhões de moradias em cinco anos ainda não decolou.

O preço de minério de ferro teve uma queda abrupta no fim de 2011, chegando a US$ 116,75 por tonelada, segundo levantamento do jornal "Financial Times". Mas se recuperou neste ano, ficando acima da US$ 140.

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