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Freada chinesa vai prejudicar a Vale, preveem analistas

Preços do minério não devem subir, e lucro recorde do ano passado tende a não se repetir, dizem especialistas

China, responsável por quase 1/3 das vendas da empresa, deve levar a resultado mais modesto no primeiro trimestre

PEDRO SOARES
EM SÃO PAULO

Destino de quase um terço das vendas da Vale, a China colocou o pé no freio na economia, o que deve se traduzir em resultados mais modestos da mineradora brasileira ao menos neste primeiro trimestre.

O país asiático prevê crescer menor neste ano -7,5%. Estima também menos consumo de aço. Diante disso, dizem analistas, a Vale dificilmente repetirá em 2012 o desempenho de 2011.

No ano passado, a companhia obteve lucro recorde de R$ 37,8 bilhões e um dos motivos foi o maior volume de vendas, aliado ao preço favorável do minério de ferro.

É consenso entre analistas, porém, que a Vale não sofrerá "um tombo" muito grande neste ano, apesar da menor demanda chinesa. "Acho muito prematuro apontar um cenário de desastre para a Vale em termos de demanda para seus produtos", diz Pedro Galdi, da SLW.

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse recentemente que companhia esperava também uma moderação em seus resultados no último trimestre de 2011 justamente por conta da desaceleração da economia chinesa. Esse cenário, afirmou, não se confirmou e a mineradora viveu, em 2011, seu melhor ano.

Ainda que o ano comece mais fraco, diz Ferreira, haverá uma retomada das vendas nos próximos trimestres. "Poderá haver uma recuperação importante", afirmou no mês passado.

PREÇOS

Para Galdi, apesar do menor crescimento chinês, os preços do minério de ferro vão se manter nos níveis atuais -de US$ 140 a US$ 150 a tonelada. Ferreira compartilha da opinião e afirmou que esse patamar está longe de indicar um "preço recessivo".

Ainda assim, Galdi diz que a Vale não pode contar com mercados alternativos para exportar o minério que não será absorvido pela China.

"A crise na Europa não se resolve no curto prazo. Acredito que haverá impacto, sim [da desaceleração chinesa], mas não visualizo um tombo muito grande nos volumes demandados, já que outras regiões devem mostrar crescimento, como EUA, Japão e outros países da Ásia."

Mario Mariante, analista da Planner, afirma que o menor consumo na China anula a "chance de novos reajustes" do minério de ferro neste ano. "A negociação com os chineses será muito dura."

Para o especialista, outros mercados devem compensar parcialmente a freada da China, mas não em nível suficiente para justificar reajustes de preços. O problema é que a China é com folga a maior cliente da Vale (31,7% da receita em 2011), seguido pelo mercado doméstico brasileiro (17,1%) e Japão (11,7%).

Galdi diz que, mesmo com o menor consumo chinês, a Vale vai produzir e vender mais de 300 milhões de toneladas de minério de ferro em 2012. A empresa se diferencia por ter um minério mais nobre e de maior aceitação no mercado do que suas concorrentes australianas.

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