Índice geral Mercado
Mercado
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise / Produtos básicos

Receitas com matérias-primas podem financiar novas vocações econômicas

RINALDO CÉSAR MANCIN
ESPECIAL PARA A FOLHA

A cada anúncio da balança comercial, a mídia destaca críticas de especialistas a uma alegada "forte dependência" da economia brasileira na comercialização das grandes commodities. Isso porque cerca de 50% das exportações são representadas por seis produtos-chave.

Mas esse perfil com base em commodities seria positivo ou negativo para o Brasil?

Em primeiro lugar, é fundamental superar a visão que imperou nos anos 50 na América Latina, segundo a qual o caminho viável para o desenvolvimento seria por meio da agregação de valor aos produtos primários (industrializar para depois exportar).

A própria história mostra que os recursos naturais têm sido fundamentais para a construção da riqueza das nações. A produção de metais preciosos, de açúcar, de borracha, de cereais, de café, de minérios e de petróleo transformou vários países em Estados mais prósperos -caso dos EUA e do Canadá.

A produção, a logística e a comercialização dos produtos do agronegócio e da mineração no Brasil são respaldadas por conteúdo tecnológico e outros intangíveis em seus processos. As commodities brasileiras disputam mercados altamente competitivos, o que demanda, igualmente, outros aportes, como marca de qualidade e reputação aos produtos.

No caso da mineração, o grande diferencial brasileiro em relação aos concorrentes são as jazidas de classe mundial, associadas a minérios de alta qualidade. São poucos os países que têm tais ativos naturais, o que justifica serem os preços da indústria brasileira tão competitivos.

De outro lado, investir em industrialização de minérios no Brasil tem por obstáculo a falta de infraestrutura, além de ser iniciativa muito onerosa para o empresário, que, ao decidir seguir esse caminho, é "premiado" com mais impostos e menos lucros.

Em suma, a abundância de recursos naturais é uma bênção e não uma maldição para o nosso país. Ainda mais que o Brasil conhece somente cerca de 30% do potencial mineral de seu subsolo. As perspectivas são excepcionais, portanto.

As receitas advindas das commodities nacionais podem levar ao desenvolvimento de outras vocações econômicas, desde que a sociedade brasileira adquira maturidade para tal, incremente a poupança interna e estabeleça metas de desenvolvimento de longo prazo.

RINALDO CÉSAR MANCIN é diretor de assuntos ambientais do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.