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Companhias pagam caro para voar na África do Sul

Obras para a Copa-10 modernizam aeroportos, mas tarifas sobem 130%

Com demanda baixa e custo alto, 3 empresas deixam de operar em Johannesburgo, que recebeu R$ 1,3 bi

MARIANA BARBOSA
ENVIADA ESPECIAL A JOHANNESBURGO

O aeroporto O.R. Tambo, de Johannesburgo, administrado pela empresa que vai assumir a gestão de Guarulhos em dois meses, oferece um serviço em linha com as melhores práticas internacionais. Mas é também um dos mais caros do mundo para as companhias aéreas.

Espaçoso, funcional, bem gerido e policiado -a antítese de Cumbica-, o aeroporto recebeu o equivalente a R$ 1,3 bilhão em investimentos nos cinco anos que antecederam a Copa de 2010.

Além de um novo e moderno terminal de passageiros e de uma estação de trem integrada, foram construídos prédios de estacionamento, cinco hotéis e sistema automatizado de inspeção de bagagens, entre outras melhorias.

Mas uma demanda bem menor que a esperada no ano da Copa -18,6 milhões de passageiros, ante previsão de 25 milhões- fez a operadora sul-africana, a Acsa, amargar o primeiro prejuízo desde sua criação, em 1993.

No ano fiscal finalizado em 31 de março de 2011, a empresa registrou prejuízo de R$ 52,6 milhões.

O O.R. Tambo é responsável por 70% do faturamento da Acsa, de R$ 1,1 bilhão. O lucro do aeroporto, juntamente com o da Cidade do Cabo, sustenta os demais oito terminais administrados pela companhia no país.

Ao todo, a Acsa investiu R$ 4 bilhões em toda a sua rede de aeroportos em preparação para a Copa.

"Isso é um pouco menos do que vamos investir em Guarulhos em 20 anos", diz Chris Hlekane, diretor-geral do O.R. Tambo e coordenador da equipe encarregada do projeto de Guarulhos.

"O que demonstra que nós estamos preparados para a complexidade do investimento no Brasil."

GOVERNO ACIONISTA

Gerida pela lei das empresas privadas, a Acsa tem no governo seu principal acionista. Para fazer frente aos investimentos pré-Copa, o modelo de exploração aeroportuária da África do Sul previa aumento de tarifas após a conclusão das obras.

No ano passado, a empresa precisava de 161% de reajuste para fechar as contas, mas obteve 70%. O presidente da Iata (associação internacional das empresas aéreas), Tony Tyler, disse que, se o aumento fosse concedido, o aeroporto de Johannesburgo passaria a ostentar o título de mais caro do mundo.

O reajuste acumulado desde 2010 já soma 131%.

"Houve uma quebra de contrato e nós entramos na Justiça contra o regulador. Agora esperamos rediscutir o modelo", diz o presidente da Acsa, Bongani Maseko.

Tarifas altas e demanda abaixo do esperado fizeram com que, nos últimos meses, três companhias interrompessem (Iberia, Malaysia e V Australia) voos para Johannesburgo, segundo o presidente da associação das empresas aéreas do Sul da África, Chris Zweigenthal.

No Brasil, o governo afirma que não haverá reajustes nas tarifas. O maior aumento, na verdade, já aconteceu. Depois de uma década sem aumentos, as tarifas subiram 120% em março de 2011 -medida interpretada como preparatória para a concessão.

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