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Finanças Pessoais

MARCIA DESSEN marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Sua relação com a Bovespa é de extremos: ame-a ou deixe-a

Deve ter muita gente animada com o desempenho da Bolsa de Valores no início deste ano.

O Ibovespa, índice que mede o desempenho médio das cotações das ações mais negociadas no mercado, registrava 57.830 pontos no primeiro dia útil do ano.

Dois meses depois, marcava 65.812 pontos no fechamento de fevereiro, rentabilidade acumulada de 13,80%. Até o dia 16 deste mês, subiu mais um pouco e atingiu a marca de 67.684 pontos e puxou a rentabilidade para 17%.

Convenhamos que, em tempos de vacas magras na renda fixa, com a taxa de juros nominal cada vez mais baixa, é uma tentação e tanto para qualquer mortal, não é mesmo?

A resposta é sim para quem está fora da Bolsa, ganhando menos de 10% em operações de renda fixa. Melhor ainda para quem está procurando motivação para reduzir seu nível atual de consumo e poupar algum dinheiro em busca de retorno atraente.

A resposta é não para quem já estava na Bolsa e acumula perda nominal de aproximadamente 17% nos últimos dois anos, sem contar com outros 20% que deixou de ganhar se tivesse aplicado seu dinheiro em juros e não na Bolsa.

Para quem está nesse time, a alta da Bolsa representa a recuperação parcial de suas perdas.

FIQUE FORA

Para você, risco é sinônimo de perda. Você precisa de segurança e estabilidade. Cenário de volatilidade te deixa muito desconfortável.

Prefere ganhar menos mas ganhar sempre. Sabe que existe risco mesmo nas alternativas mais conservadoras e esse é o seu limite, o risco que você não pode evitar.

Assumir mais risco para tentar ganhar um pouco mais não é a sua praia. Acha que o prêmio, valor acima da taxa de juros livre de risco, não compensa as noites maldormidas, a preocupação, o nervosismo de ver seu rico dinheirinho se depreciar.

Diante de uma perda de 10%, por exemplo, resgataria a operação com receio de perder mais. Resgataria 90% do capital aplicado e abriria mão da chance de recuperar a perda.

Seu horizonte de tempo é curto, pode precisar do dinheiro a qualquer momento e não pode esperar o melhor momento para vender suas ações. Sua aversão a risco é grande e impede que mesmo o dinheiro disponível por muito tempo seja aplicado na Bolsa.

Você só entra na Bolsa quando o índice está em alta e está todo mundo comprando ações. Você não quer ser o único a ficar de fora da festa. Não sabe bem ao certo o que está fazendo, mas segue a maioria.

A dor provocada pelas perdas é maior do que a satisfação e o prazer de ganhar.

Aplicar na Bolsa? Não, obrigado.

FIQUE DENTRO

Para você, risco é sinônimo de oportunidade.

Você se empolga com a volatilidade do preço das ações. Acha natural que os fatores econômicos, políticos e específicos das empresas afetem o valor das empresas e não se incomoda com isso.

Busca retorno superior ao da taxa de juros básica de mercado. Precisa desse incentivo para poupar, mesmo que tenha de passar por períodos de muita turbulência.

Diversifica seus investimentos e mantém parte de sua carteira em ações ou fundos de ações. Entende que essa estratégia permite aumentar o retorno potencial da carteira assumindo nível de risco aceitável para o seu perfil e objetivos de investimento.

Acredita no potencial da economia brasileira e acha que os efeitos da crise externa não vão abalar o desempenho do mercado de ações nos próximos anos.

Procura realizar vendas de valor não superior a R$ 20 mil por mês. Com isso, se beneficia da isenção do Imposto de Renda sobre seus ganhos de capital. Ganhar dinheiro é bom. Não ter de pagar imposto sobre esse ganho é melhor ainda!

"Efeito manada" não é com você. Não entra na Bolsa quando está todo mundo entrando. Pelo contrário, entra quando os preços estão em baixa (hora de comprar) e sai quando os preços subiram demais (hora de vender).

Procura se informar sobre a economia, os setores com melhores perspectivas no momento, as empresas que se destacam nesse contexto. Troca ideias com outros investidores e com a sua corretora. Você não ganha todas, mas acerta mais do que erra.

O prazer proporcionado pelo ganho é maior do que a dor de perder.

Aplicar na Bolsa? Com certeza!

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI (Brazilian Management Institute), professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

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