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Análise / Agronegócio

Freada chinesa terá impacto restrito nas commodities agrícolas

AMARYLLIS ROMANO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A perspectiva de redução do ritmo de crescimento da China não deve ter impacto negativo no mercado de produtos agrícolas. Tal impacto deve se restringir às commodities metálicas e em menor proporção que o alardeado.

Adicionalmente, há o "timing" em que essa desaceleração ocorrerá, uma vez que o ritmo dela tem interferência na formação dos preços globais. Não há grandes apostas na redução do crescimento chinês no curto prazo.

Ilustrativamente, no 11º Plano Quinquenal chinês, anterior ao atual, o crescimento sugerido era de 7,5% a.a. entre 2006 e 2010 e o país cresceu a uma taxa de 11,2%.

Se, por um lado, a expectativa reflete um cenário provável, com a China reduzindo a relevância dos setores de infraestrutura e "real estate", alterando o modelo exportador e de investimentos por um mais focado em consumo doméstico e produção de bens e serviços mais sofisticados, deve haver um tempo ainda longo até a efetiva instalação desse processo.

Por outro lado, a prioridade em produtos de maior valor agregado e voltados para consumo doméstico sugere procura ainda elevada de aço, apesar de haver alteração no setor da indústria que vai ditar essa demanda.

O mercado já vem precificando há algum tempo uma menor taxa de crescimento anual da demanda global por commodities e os fortes incrementos nas cotações têm ocorrido mais em razão de problemas com a oferta.

No que tange ao setor agrícola, já se vão três ou quatro safras mundiais em que se repetem problemas climáticos, ora com seca extremada ora com excesso de chuvas, variando a região do globo em que ocorre com gravidade.

Nesses mercados, a China não tem como aumentar expressivamente a produção doméstica por limitações de área, escassez de água etc.

Em oleaginosas, com destaque para a soja, o país produz 13% do total mundial e esmaga 24%, respondendo por mais de 50% do volume total anual transacionado.

Em trigo e grãos forrageiros, entre eles o milho, a produção local é praticamente igual ao consumo, o que leva a China a importar cerca de 5% do total mundial.

Nesse quadro de preços internacionais sustentados por uma demanda firme, devemos continuar como grandes fornecedores globais devido à conhecida competência da produção agrícola nacional.

Assim, a expectativa é de manutenção do forte influxo de moeda estrangeira ao país, com as já conhecidas pressões de valorização do real.

AMARYLLIS ROMANO, economista pela FEA-USP e MBA pelo Insper, é sócia da Tendências Consultoria

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