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Análise Veículos

Governo muda forma de olhar setor automotivo

Não há tempo hábil, porém, para aumentar de forma significativa conteúdo regional da produção ainda neste ano

EDUARDO SODRÉ
EDITOR-ADJUNTO DE “VEÍCULOS”

ORDEM É AJUSTAR MERCADO COM MEDIDAS QUE FORCEM INVESTIMENTOS EM PRODUTOS LOCAIS E TECNOLOGIA

Há pouco mais de três anos, o olhar do governo sobre o setor se resumia ao caráter mercadológico.

O objetivo era manter as vendas aquecidas com políticas de redução de IPI e crédito facilitado. Indústria que produz gera recursos e empregos do primeiro ao terceiro setor, fundamentais em tempos de crise.

As imperfeições do modelo adotado sobressaíram agora. Para abastecer o mercado aquecido e interessado em produtos mais sofisticados, os fabricantes aumentaram o volume de importações oriundas dos parceiros comerciais, cujas fábricas tinham menores custos de operação e capacidade ociosa.

Para completar, o real valorizado travou as exportações e "empurrou" o capital para além das fronteiras. As unidades brasileiras, que estavam próximas do limite de suas capacidades produtivas, perderam investimentos. Daí o desequilíbrio da balança no acordo com o México.

É o reverso dos primeiros anos do acordo, tempos de real desvalorizado. Naquela época (entre 2002 e meados de 2005), era o México que temia a invasão dos carros produzidos no Brasil. O Volkswagen Gol chegou a ser líder de vendas por lá.

COMPOSIÇÕES

A ordem agora é ajustar o mercado com medidas que forcem investimentos em produção local e tecnologia. Mas, enquanto ideias como a tabela de pontuação citada pelo ministro Fernando Pimentel não forem colocadas em prática, caberá aos fabricantes fazer composições para adequar a produção.

Nenhuma montadora está disposta a perder mercado. Por isso há grande possibilidade de ultrapassarem as cotas de importação fixadas.

Esse será um reflexo imediato, pois não há tempo hábil para transferir linhas de montagem ou aumentar significativamente o conteúdo regional ainda em 2012.

A sobretaxa cobrada sobre o excesso deve se diluir entre os produtos, com ajustes como redução de margens e pressão sobre fornecedores para reduzir preços de componentes e matéria-prima.

Tal possibilidade é preocupante neste primeiro momento, pois poderá afetar os consumidores. Para preservar as metas de lucro, as montadoras poderão promover aumentos pontuais de preço.

Mesmo que sejam pequenos, os reajustes devem frear a tendência de diminuição ou preservação de valores que tem ocorrido nos últimos anos, com o aumento da concorrência.

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