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Logística potencializa o risco de acidente no pré-sal

Analistas veem condições extremas no transporte de petróleo e derivados no mar

Consultores propõem ação coordenada do governo para planejar o combate e a prevenção de acidentes marítimos

DO RIO

O risco de vazamentos e de acidentes na exploração marítima de petróleo não crescerá só por conta da maior produção de petróleo nos próximos anos, com o desenvolvimento do pré-sal.

Outro "fator crítico", dizem especialistas, é o aumento do número de embarcações, dutos e terminais para a movimentação de petróleo e de derivados no mar.

"As operações de transferência de petróleo, em si, constituem um ponto crítico de todo o processo. Mesmo que a frequência de acidentes se mantenha, o maior volume de produção já é suficiente para ampliar o número absoluto de acidentes", diz Marcus D'Ellia, especialista do Ilos, consultoria especializada em logística.

Dados do Ibama e da Petrobras mostram que, desde o vazamento do campo de Frade, da Chevron, em novembro, ocorreram, ao menos, 14 incidentes com derramamento de óleo ou outros produtos no mar.

Todos estão ligado às atividades petrolíferas -alguns originados de barcos ou dutos. Somente a Petrobras tem planos de ampliar a frota que presta serviços de apoio à exploração marítima de 287 navios em 2010 para 568 embarcações.

Alguns dos acidentes são de pequeno porte. Outros de grande potencial poluidor, como o de Frade, cuja mancha não chegou ao litoral graças às condições dos ventos na ocasião, à maior distância da costa e aos trabalhos de dispersão do óleo conduzidos pela empresa e pela Petrobras (sócia do campo).

Para Maurício Canedo, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), as condições "extremas" de exploração de óleo e gás no pré-sal, por si só, já representam um risco adicional. Entre elas, está a maior profundidade (de até 3.000 metros até o solo marinho) e corrosão de materiais por conta das características dos reservatórios nos quais o gás carbônico e o enxofre são abundantes.

Canedo lembra ainda que o risco de acidentes também tende a ser maior enquanto as novas tecnologias empregadas no pré-sal não estão completamente sob domínio da Petrobras, de outras petroleiras e dos fornecedores.

D'Ellia ressalta ainda que a Petrobras desenvolve uma solução inédita para escoamento de óleo do pré-sal que, dependendo da alternativa, pode evolver mais ou menos risco de vazamentos chegarem à costa.

Tanto Canedo como D'Ellia dizem ainda que falta "uma ação coordenada" de governo para combater acidentes, planejar a prevenção e definir as ações a serem tomadas. O especialista do Ilos sugere a criação de um centro unificado de monitoramento.

"Hoje, está tudo disperso e a impressão que dá é que cada órgão atua de forma independente."

Ambas são baseadas em boias gigantes que servem de terminal de atracamento de petroleiros, que "esvaziam" as plataformas e transportam o petróleo cru. A estatal ainda analisa se é melhor e mais econômico manter esses "portos" em alto mar a 80 km da costa (solução com mais perigo de poluição do litoral em caso de acidente) ou se os instala a 200 km.

"Quanto mais distante, menor a chance da mancha chegar às praias e maior o tempo para ser feito o trabalho.

(PEDRO SOARES)

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