Índice geral Mercado
Mercado
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Governo cobra 'gesto' de bancos privados

Para analisar proposta levada por instituições privadas, ministério espera, antes, redução de juros em operações de crédito

Mantega fica irritado com tática do setor financeiro, de pôr culpa dos 'spreads' elevados 'no colo do governo'

SHEILA D’AMORIM
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

Antes de analisar as propostas dos bancos privados para redução dos custos de empréstimos, o governo Dilma espera que o setor primeiro faça sua parte e reduza as taxas de juros de suas operações de crédito.

Segundo a Folha apurou, o ministro Guido Mantega considera que os bancos têm espaço para cortar o tamanho dos "spreads" (diferença entre o custo de captação de recursos de clientes e o que eles cobram nas operações de crédito) sem que o governo tome novas medidas na área.

Mantega ficou irritado com a estratégia dos bancos privados, que vieram a Brasília, em sua avaliação, com a simples intenção de jogar a culpa pelos elevados "spreads" no colo do governo.

Em conversa com assessores, o ministro rebateu as afirmações de Murilo Portugal, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), e disse que a "bola não está com o governo, mas sim com os bancos privados".

Segundo Mantega, após os bancos cortarem os "spreads", o governo pode, sim, analisar as propostas reveladas anteontem pela Febraban.

Técnicos descartam, porém, atender pedidos dos bancos que impliquem redução dos impostos pagos pelo sistema financeiro, como foi pedido durante a reunião com o secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa.

Para o governo, as desonerações têm de estar voltadas para o setor produtivo, principalmente a indústria.

FRUSTRAÇÃO

O encontro de terça-feira foi classificado de frustrante pela equipe econômica.

Na avaliação do governo, os bancos se concentraram mais em fazer um diagnóstico dos problemas na área e listar antigas propostas, que já eram conhecidas, como a redução do valor dos depósitos compulsórios (parcela que eles recolhem obrigatoriamente ao Banco Central e que fica, em sua maior parte, sem remuneração).

Os técnicos focaram fala do presidente da Febraban para mostrar que há espaço para "spread" menor. Foi lembrado o percentual de 30% citado por Portugal como margem de lucro dos bancos nas operações de crédito, considerada alta pelo governo.

A Fazenda considera que nos últimos anos já se avançou muito com a regulamentação de propostas que ajudam a diminuir o custo dos empréstimos. Agora, está na hora de "os bancos fazerem algo por conta própria".

Para o ministro, não há por que os bancos assumirem atitude defensiva e reduzirem a concessão de crédito.

O Ministério da Fazenda destacou, durante a reunião com a Febraban, que o Banco do Brasil e a Caixa reduziram as taxas de juros de operações de crédito nos últimos dias sem que o governo adotasse novas medidas na área.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.