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Concorrência faz banco privado gastar mais

Em busca de mais clientes, Itaú e Bradesco expandem custos, que afetam indicadores de eficiência, mostram balanços

Cenário torna mais problemática decisão de atender pressão do governo para reduzir juros de clientes

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Em disputa pelo posto de maior banco privado do país, Itaú e Bradesco elevaram seus quadros de pessoal e suas despesas administrativas nos últimos anos.

Segundo os balanços das duas instituições, a expansão de custos comprometeu os indicadores de eficiência, o que torna mais problemática a decisão de atender às pressões do governo Dilma Rousseff pela redução dos juros cobrados dos clientes.

Depois de anunciar a fusão com o Unibanco, no fim de 2008, o Itaú acirrou a corrida ao ultrapassar o rival e assumir o primeiro lugar do ranking bancário em volume de ativos -ou seja, no total de operações e patrimônio.

O meganegócio significou, é claro, mais clientes, mais oportunidades e maior fatia do mercado. Mas também implicou despesas com funcionários, agências e sistemas de informática que, nos últimos dois anos, cresceram mais que as receitas totais.

Essa relação é medida pelo índice de eficiência, que compara os gastos administrativos com os ganhos obtidos com empréstimos, tarifas bancárias e outras fontes.

No Itaú, o indicador mostrou piora aguda de 2009 para 2010, quando passou de 42,4% para 49,1% -o que significa um gasto de R$ 0,49 para obter cada R$ 1 de receita.

Houve melhora em 2011, e o índice ficou em 47,7%. Promete-se aos acionistas chegar a 41% até o fim de 2013.

Em tese ao menos, esse objetivo ficou mais difícil a partir da decisão, divulgada anteontem, de baixar as taxas de operações como financiamento de veículos, cheque especial e linhas de capital de giro para empresas.

Tomada após a queda dos juros nos estatais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, a medida tende a reduzir as receitas esperadas com a concessão de crédito.

No Bradesco, que acompanhou o concorrente na redução das taxas, a máquina administrativa vem crescendo a taxas ainda mais altas, embora com impacto menor no índice de eficiência.

RANKING

Ao fim do ano passado, após uma série de inaugurações, o Bradesco reassumiu a liderança do ranking privado em número de agências -que, desde 2009, teve um salto de 34% e chegou a 4.634, só inferior ao do BB.

A expansão implicou mais contratações, e o quadro de pessoal saltou de pouco mais de 80 mil para quase 100 mil funcionários no período, segundo dados disponíveis no Banco Central.

O aumento das receitas compensou somente parcialmente a alta dos custos, e o índice de eficiência passou de 40,5% para 43%.

Procurados pela Folha, Itaú e Bradesco informaram que não poderiam comentar os dados, em razão da proximidade da divulgação de balanços trimestrais.

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