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Governo inicia nova pressão sobre bancos

Equipe de Dilma quer que instituições privadas reduzam taxas sobre fundos de investimentos; Caixa já reduz cobrança

Taxa de administração mais baixa deve permitir reduzir mais juro básico sem alterar regra da poupança

VALDO CRUZ
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

O governo Dilma vai pressionar mais uma vez os bancos privados. A expectativa é que eles reduzam as taxas de administração de seus fundos de investimentos para torná-los mais lucrativos, permanecendo mais rentáveis que a poupança.

Com isso, a equipe econômica considera que haverá espaço para o Banco Central reduzir mais a taxa básica de juros sem alterar as regras de correção da caderneta.

Segundo a Folha apurou, a equipe da presidente Dilma acredita que o BC poderá reduzir a taxa de juros dos atuais 9% para 8,5% sem provocar fuga dos fundos de investimentos para a poupança.

Na mesma estratégia que levou as instituições privadas a anunciar juros menores, os bancos públicos foram os primeiros a anunciar mudanças. A Caixa Econômica Federal anunciou ontem a redução de taxas de dois de seus fundos.

A taxa do AzulFIC Renda Fixa Longo Prazo foi reduzida de 3% para 1,5% ao ano. A do FIC Clássico Renda Fixa Longo Prazo, de 1,85% para 1,4% -para esse fundo, a Caixa também vai baixar o valor de aplicação inicial de R$ 1.000 para R$ 100.

Na segunda-feira, o banco já havia lançados dois fundos específicos para quem tem conta-salário na Caixa. O FIC Relacionamento Personal tem taxa de administração de 0,7% ao ano. A do FIC Relacionamento Ideal é de 1%.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou ontem em Washington os recentes cortes de juros no Brasil.

Guido Mantega (Fazenda), que participa do encontro do FMI, saudou a iniciativa dos bancos públicos e privados de reduzir juros e "dar ao povo brasileiro a oportunidade de consumir com taxas menores".

O ministro reafirmou que a redução dos "spreads" -diferença entre o custo que bancos pagam na captação de recursos e as taxas que cobram dos cliente- é um objetivo importante para o governo.

O ministro descartou a possibilidade de que o governo Dilma mexa nas regras da poupança.

"Com a Selic a 9%, não há necessidade de mudanças."

EFEITO ELEIÇÕES

O tema deve ser tratado com a presidente na próxima semana, quando Mantega estará de volta, depois da reunião do FMI, nos EUA.

A ala política do governo é contra apresentar, antes das eleições municipais, qualquer proposta de mudança na caderneta. Opinião que era, até pouco tempo, partilhada pela presidente Dilma.

Agora, parte da equipe econômica considera que a inflação está caindo num ritmo mais rápido do que o previsto, o que cria, sim, a possibilidade de a taxa básica de juros seguir sendo reduzida.

Parte do mercado, por sinal, entendeu que o Banco Central, em comunicado ao reduzir os juros de 9,75% para 9% nesta semana, deixou a porta aberta para novas quedas ainda este ano.

Ontem, ao ser questionada se o governo havia decidido mudar o cálculo da poupança, Dilma desconversou: "Isso é da área do ministro da Fazenda, em consulta ao Banco Central. Não é uma área na qual eu me posicione".

Hoje, se os juros do BC caírem abaixo de 8,5%, boa parte dos fundos de investimentos passaria a perder da caderneta de poupança.

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