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Juro pode dobrar custo do empréstimo

Caixa reduz taxas de novo; simulações indicam diferenças que podem praticamente dobrar a dívida do cliente

Especialistas alertam para necessidade de pesquisa com critério para ter base de cálculo e negociar com bancos

DE SÃO PAULO

As sucessivas quedas de taxas de juros cobradas pelos bancos levaram os clientes a um cenário em que é necessário separar o que é, de fato, redução de juros do que é só ação de marketing. É a opinião de especialistas no assunto ouvidos pela Folha.

Ontem, a Caixa Econômica Federal anunciou um novo corte das taxas -o segundo em menos de duas semanas- de financiamento de veículo, crédito pessoal e consignado para beneficiários do INSS, modalidades nas quais a taxa mínima oferecida pelo banco havia sido superada pela concorrência.

Mas a divulgação apenas da taxa mínima, alertam os analistas, não é referência para a imensa maioria dos casos, pois só é oferecida em condições muito específicas. Daí a necessidade de o cliente pesquisar com critério, comparando as taxas mais adequadas para o seu perfil.

"O que mudou é a readequação da análise de risco do cliente. Ninguém está fazendo isso [reduzindo juros] porque é bonzinho", diz o educador financeiro Mauro Calil.

Simulações feitas a pedido da reportagem indicam diferenças que podem praticamente dobrar a dívida do cliente (veja quadro).

A ProTeste, entidade de defesa dos direitos do consumidor, vê problemas para o cliente negociar. "Como os bancos estão divulgando com mais força só taxas mínimas, não está fácil para o consumidor fazer o cálculo e ter base para negociar com o gerente", afirma Maria Inês Dolci, coordenadora da ProTeste e colunista da Folha.

Sob incentivo do governo federal, os primeiros anúncios de redução dos juros foram feitos pelos bancos públicos. A estratégia oficial é diminuir o "spread" bancário para estimular o consumo. O "spread" é a diferença entre o que o banco paga para obter dinheiro no mercado e o valor cobrado de clientes.

Ontem, a presidente Dilma Rousseff voltou a falar do assunto. "Será um processo de amadurecimento do país, que vai nos encaminhar progressivamente para termos juros mais condizentes com a nossa realidade", afirmou Dilma.

IMPULSO AO CRÉDITO

É o corte nos juros que está impulsionando o designer Sergio Nascimento, 25, a comprar o primeiro carro.

Pela internet, ele comparou taxas para tomar um empréstimo de R$ 20 mil, que pretende pagar em 40 vezes.

"Vi as taxas mais baratas e acho que vou fechar com o Banco do Brasil", diz.

A redução da taxa para capital de giro estimulou o administrador Eduardo Felipe, 42, a barganhar um pouco mais. Ele negocia juro menor para lojas de uma franquia da capital paulista -o empréstimo de R$ 2 milhões será pago em 36 parcelas. "Abri a negociação a 1,7% e estou em 1,3%", diz. "A conjuntura atual ajudou um pouco, mas as garantias que temos para o negócio estão sendo mais decisivas." (Fábio Mazzitelli)

Colaborou FLAVIA FOREQUE, de Brasília

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