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Cifras e letras Crítica Tecnologia Mergulho na cultura hacker eleva anônimos a 'heróis' PAULA LEITEEDITORA-ASSISTENTE DE TREINAMENTO Não se deixe enganar pelas fotos de Steve Jobs, Steve Wozniak, Bill Gates e Mark Zuckerberg na capa de "Os Heróis da Revolução", de Steven Levy. O livro não é uma biografia conjunta dos quatro, como o leitor pode ser levado a pensar. A obra é uma nova versão do livro "Hackers", lançado originalmente em 1984 -Levy incluiu um novo capítulo em 1993, contando o paradeiro dos principais personagens do livro, e outro posfácio em 2010, quando voltou a falar com alguns dos hackers e entrevistou Mark Zuckerberg, do Facebook. O livro conta a história de como surgiu e se desenvolveu a cultura hacker nos Estados Unidos, dos estudantes do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) nos anos 1950 e 1960 que escreviam programas em fitas perfuradas para computadores do tamanho de uma sala até o surgimento de empresas como a Apple e a Microsoft. Diferentemente do que pode prometer a capa, é preciso ler mais da metade do livro até se deparar com um Steve Wozniak ou um Bill Gates -até chegar a eles, a obra se ocupa de programadores absolutamente desconhecidos do público em geral. Mesmo quando os "famosos" começam a aparecer, o livro não se foca neles -Gates, Wozniak e Jobs são apenas alguns entre dezenas de hackers, programadores e empresários dos anos 1960, 1970 e 1980 que são perfilados na obra. E Mark Zuckerberg só vai aparecer no posfácio de 2010, por breves páginas, como um exemplar moderno da cultura hacker -cultura que Levy tenta explicar nas mais de 400 páginas do livro. A obra entra em bastante detalhes sobre os programas criados e usados pelos hackers. Em razão disso, alguns trechos podem ser difíceis ou desinteressantes para os leigos em tecnologia. Apesar disso, a prosa de Levy, assim como no excelente "Google, a Biografia" (de 2011), tem um ritmo bom, é leve e divertida. TRADUÇÃO O autor tem o dom de fazer quase todos os seus perfilados parecerem pessoas interessantíssimas, graças às suas descrições vívidas. É uma pena que nesta edição o texto de Levy seja comprometido pela péssima tradução, que usa palavras rebuscadas demais e traduz de forma literal expressões informais usadas pelos perfilados, gerando graves problemas de compreensão. O livro é leitura obrigatória para quem quer entender a evolução da cultura que resultou em coisas como a Wikipédia e o software livre, mas também gerou gigantes como o Google e o Facebook. Levy consegue atingir o objetivo de fazer o leitor "entrar" na cabeça dos hackers e entender como eles pensam. Para o leitor que lê em inglês, entretanto, é recomendável que procure a edição original da obra.
OS HERÓIS DA REVOLUÇÃO |
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