Máquinas do exterior avançam no campo

O primeiro trimestre deste ano foi marcado pela desaceleração das exportações da indústria de máquinas e equipamentos, setor que assistiu, no mesmo período, a uma explosão das importações, que quase duplicaram.

O quadro, que pode resultar na desindustrialização, segundo os empresários, foi destacado ontem durante a abertura da 19ª edição da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto.

Segundo a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), de janeiro a março as exportações tiveram um crescimento de 10%, subindo de US$ 235,6 milhões para US$ 259,6 milhões.

Já as compras de máquinas por brasileiros saltaram de US$ 99,8 milhões no primeiro trimestre de 2011 para US$ 195,4 milhões no mesmo período deste ano (96% mais).

Segundo o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Celso Casale, a desaceleração das exportações é ainda mais flagrante quando se analisam os percentuais de crescimento mês a mês.

Em janeiro, disse, as exportações estavam 36,4% maiores que no ano passado -caiu para 25,1% em fevereiro, até chegar ao patamar de março.

As importações, no entanto, já começaram maiores: 49,4% em janeiro.

Para Casale, isso ocorre porque os custos para produzir fora do país são muito menores. As queixas do setor já chegaram ao ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, que disse que o Plano Safra 2012/13 deverá dar incentivos para a compra interna de máquinas, possivelmente com redução de juros.

Como tentativa de começar a equilibrar a balança, a Abimaq e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) lançaram ontem na Agrishow o Portal África, um site com informações para facilitar o acesso dos agricultores africanos às máquinas e tecnologias brasileiras.

A Agrishow será realizada até sexta-feira em Ribeirão, com perspectiva de negociar ao menos R$ 1,7 bilhão, repetindo o desempenho da edição de 2011.