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Análise Citricultura

Problema do cancro cítrico tem de ser tratado com seriedade

MAURICIO MENDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A formação do Conselho dos Produtores de Laranja e das Indústrias de Suco (Consecitrus) ocupou espaço na mídia dedicada à citricultura. A composição do conselho formada pela Citrus BR (associação das indústrias) e pela Sociedade Rural Brasileira (SRB) é parcial, já que parte dos atores da cadeia produtiva, como a Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo) e as associações de produtores não aderiram ao conselho. Assim mesmo, é uma evolução.

Entre as várias missões do Consecitrus está o problema do cancro cítrico. Considerada doença quarentenária, o mal é causado por bactéria e, assim, de difícil controle.

A doença tem legislação própria para o Brasil. Pela lei, frutas de Estados que apresentam o mal não podem ser comercializados com Estados livres da doença.

O Estado de São Paulo teve, por décadas, um sistema de controle eficiente. O Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) mantinha uma equipe para fazer os levantamentos de plantas sintomáticas nos pomares do cinturão citrícola, e a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo cuidava para que os focos fossem eliminados.

Ocorre que o convênio entre as duas instituições não foi renovado e o resultado é o aumento da doença. Entre 2000 e 2009, o índice de talhões infectados ficou abaixo de 0,2%. Em 2010, já sem o convênio, chegou a 0,44%, passando para 1% em 2011.

Para que a doença volte aos níveis de controle toleráveis, o convênio deve ser reativado. Mas o custo politico é significativo, já que a erradicação de pomares desagrada aos produtores atingidos. Outro ponto contra é a indenização paga pelos pomares erradicados, que, segundo os produtores, é insuficiente e lenta. Além disso, há os que defendem a possibilidade da convivência com o problema, abolindo assim a erradicação de focos afetados.

É preciso que técnicos e autoridades do setor analisem o assunto com profundidade, não deixando que questões pontuais e localizadas interfiram numa solução que poderá manter nossa citricultura economicamente saudável no longo prazo. É um desafio para o setor, e o Consecitrus tem a grande chance de mostrar que veio para agir estrategicamente em prol do setor.

MAURICIO MENDES é presidente da Informa Economics FNP e da ABMRA e consultor do CGonci.

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